ATA DA VIGÉSIMA TERCEIRA SESSÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 12-4-2002.

 


Aos doze dias do mês de abril do ano dois mil e dois, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às nove horas, foi realizada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Carlos Alberto Garcia, Ervino Besson, João Antonio Dib, João Carlos Nedel, José Fortunati, Juarez Pinheiro, Maria Celeste, Maristela Maffei, Paulo Brum, Raul Carrion e Sofia Cavedon. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Aldacir Oliboni, Antonio Hohlfeldt, Beto Moesch, Cassiá Carpes, Clênia Maranhão, Dr. Goulart, Estilac Xavier, Fernando Záchia, Haroldo de Souza, João Bosco Vaz, Luiz Braz, Marcelo Danéris, Nereu D'Avila, Pedro Américo Leal, Reginaldo Pujol, Sebastião Melo, Valdir Caetano e Zé Valdir. Constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias da Ata da Vigésima Sessão Ordinária e da Ata da Sétima Sessão Solene, que deixaram de ser votadas face à inexistência de quórum deliberativo. À MESA, foram encaminhados: pelo Vereador Beto Moesch, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador Cassiá Carpes, 06 Pedidos de Providências; pelo Vereador Ervino Besson, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador Haroldo de Souza, 03 Pedidos de Providências; pelo Vereador João Carlos Nedel, 17 Pedidos de Providências; pelo Vereador Reginaldo Pujol, 04 Pedidos de Providências, os Pedidos de Informações n.ºs 103, 105 e 106/02 (Processos n.ºs 1402, 1433 e 1434/02, respectivamente) e a Indicação n.º 014/02 (Processo n.º 1403/02); pelo Vereador Sebastião Melo, os Pedidos de Informações n.ºs 102 e 104/02 (Processos n.ºs 1401 e 1432/02, respectivamente). Também, foi apregoado o Ofício n.º 279/02, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre, encaminhando o Projeto de Lei do Executivo n.º 042/02 (Processo n.º 1430/02). Ainda, foram apregoados os seguintes Requerimentos, deferidos pelo Senhor Presidente: de autoria do Vereador Adeli Sell, solicitando a retirada de tramitação do Projeto de Lei do Legislativo n.º 052/02 (Processo n.º 1179/02); de autoria do Vereador Haroldo de Sousa, solicitando o desarquivamento dos Projetos de Lei do Legislativo n.ºs 022, 048, 053, 066, 082, 228, 229, 231 e 240/01 (Processos n.ºs 0886, 1163, 1249, 1427, 1582, 3268, 3270, 3284 e 3581/01, respectivamente), dos Projetos de Resolução n.ºs 074 e 114/01 (Processos n.ºs 3371 e 4590/01, respectivamente) e do Projeto de Lei Complementar do Legislativo n.º 019/01 (Processo n.º 3290/01). Do EXPEDIENTE, constaram: Ofícios n.ºs 10174945, 10174952, 10175081, 10175162, 10175060, 10175073, 10174957 e 10175034/02, do Senhor Sady Carnot Falcão Filho, Diretor-Executivo do Fundo Nacional de Saúde do Ministério da Fazenda; Comunicado n.º 009205/02, da Senhora Mônica Messemberg Guimarães, Secretária-Executiva do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação - FNDE. Em continuidade, o Senhor Presidente registrou as presenças do Senhor José Ricardo Calza Caporal, Presidente da Associação de Apoio ao Fórum Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, da Senhora Helena Bonumá, Secretária do Governo Municipal, da Senhora Haidê Alegretti Venzon e da Irmã Conceição, membros da Coordenação do Fórum Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, e da Senhora Maria Lúcia de Andrade Reis, Diretora da Escola Porto Alegre, convidando Suas Senhorias a integrarem a Mesa dos trabalhos e concedendo a palavra, em TRIBUNA POPULAR, ao Senhor José Ricardo Calza Caporal, que discorreu sobre o projeto de inclusão social via trabalho educativo de jardinagem realizado pela entidade que preside, visando à formação profissional de jovens carentes. Também, manifestou-se sobre o convênio firmado com a Câmara Municipal de Porto Alegre e a Prefeitura Municipal, no sentido de contratar os serviços desses jovens para a prestação de serviços nos jardins do Palácio Aloísio Filho. Na ocasião, nos termos do artigo 206 do Regimento, os Vereadores Haroldo de Souza, Raul Carrion, Ervino Besson, João Carlos Nedel, Carlos Alberto Garcia, Paulo Brum e Sofia Cavedon manifestaram-se acerca do assunto abordado durante a Tribuna Popular. Ainda, o Senhor Presidente registrou a presença do agrônomo Jaques Saldanha, participante do projeto referido pelo Senhor José Ricardo Calza Caporal em seu pronunciamento em Tribuna Popular. Às nove horas e trinta e sete minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às nove horas e trinta e nove minutos, constatada a existência de quórum. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador João Carlos Nedel informou ter procedido à entrega, ao Vereador Pedro Américo Leal, de documento contendo programa de segurança pública para Porto Alegre, elaborado pelo Senhor Luiz Eduardo Soares, consultor do Executivo Municipal, externando sua opinião contrária aos posicionamentos adotados por Sua Senhoria, notadamente no que se refere à proposta de descriminalização do uso de drogas no País. O Vereador Ervino Besson manifestou-se sobre as dificuldades enfrentadas pelo Hospital Espírita de Porto Alegre na prestação de assistência e no tratamento de portadores de enfermidades mentais e de dependentes químicos, reportando-se ao pronunciamento efetuado pelo Senhor Sady Soares Salatino, Vice-Presidente da entidade, durante a Tribuna Popular da Vigésima Segunda Sessão Ordinária, ocorrida no dia dez de abril do corrente. O Vereador Raul Carrion teceu considerações sobre a conjuntura política vigente no período da História Contemporânea em que o Brasil foi governado por militares, lembrando a atuação de militantes do Partido Comunista do Brasil no sentido de organizar forças de resistência ao Governo da época, notadamente na região do rio Araguaia, registrando o transcurso dos trinta anos do surgimento desse movimento e homenageando pessoas que participaram do mesmo. O Vereador Cassiá Carpes analisou a organização dos partidos políticos brasileiros para as próximas eleições, avaliando as coligações que estão formadas para a disputa para o Governo do Estado e para o Senado Federal, notadamente aquela formada pelo Partido Trabalhista Brasileiro, o Partido Democrático Trabalhista e o Partido Popular Socialista. Também, criticou a atuação do Partido dos Trabalhadores à frente do Governo do Estado. O Vereador Paulo Brum reportou-se à liberação de recursos federais para o Município de Porto Alegre. Também, relatou a participação de Sua Excelência, em Representação Externa deste Legislativo, em Sessão Solene em comemoração ao décimo terceiro ano de fundação da Associação Santanense do Deficiente Físico, realizada ontem na Câmara Municipal de Santana do Livramento - RS, externando sua contrariedade à atuação do Governo do Estado quanto à destinação de verbas para a prestação de assistência a pessoas portadoras de deficiência. O Vereador Dr. Goulart dissertou sobre os problemas estruturais verificados no Sistema Único de Saúde - SUS, tecendo críticas às propostas de fechamento do Hospital Porto Alegre e da suspensão das atividades dos postos de saúde escolares de Porto Alegre. Nesse sentido, propugnou pela adoção de medidas públicas que viabilizem o aporte de recursos suficientes para garantir um atendimento de saúde adequado para a população. O Vereador João Antonio Dib mencionou trechos do livro "O Poder do Vereador", ressaltando a importância da função institucional deste Legislativo, no intuito de fiscalizar a atuação do Poder Executivo. Ainda, comentou dados alusivos à arrecadação tributária do Município, fazendo um comparativo entre o volume de recursos auferidos com a cobrança de tributos municipais e da repartição de receitas previstas na Constituição Federal verificadas nos últimos anos. Na oportunidade, o Senhor Presidente registrou a presença das professoras Denise Hartz Laranjeira e Maria Elizabeth Guimarães do Carmo, de alunos da Escola São Luiz, de Juliana Amorim Carpes, filha do Vereador Cassiá Carpes, e dos Senhores José Zago e Maria Amélia Braga, respectivamente Diretor e Guia da Zagotur Turismo, informando que Suas Senhorias comparecem a este Legislativo para participarem do Projeto de Educação Política promovido pelo Memorial da Casa junto a escolas de Porto Alegre e da Região Metropolitana. Após, nos termos do artigo 94, § 1º, "g", do Regimento, o Senhor Presidente concedeu TEMPO ESPECIAL à Vereadora Maristela Maffei, que relatou a participação de Sua Excelência, em Representação Externa deste Legislativo, em manifestação da Comunidade Palestina pela Paz dos Povos, realizada no dia três de abril do corrente. A seguir, face Questão de Ordem e manifestação do Vereador Fernando Záchia, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos acerca da utilização, pelos Senhores Vereadores, do Tempo Especial previsto no artigo 94, § 1º, “f”, do Regimento, o qual é destinado para relato de viagens ou participação em eventos especiais, em representação externa deste Legislativo, tendo o Vereador Marcelo Danéris manifestado-se sobre o assunto. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo n.ºs 056, 061 e 068/02, o Projeto de Lei do Executivo n.º 030/02, discutido pelo Vereador João Antonio Dib; em 2ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo n.ºs 037, 053, 054, 057, 058, 059, 060, 066 e 052/02, este discutido pelo Vereador Adeli Sell, o Projeto de Lei Complementar do Legislativo n.º 005/02, discutido pelo Vereador João Antonio Dib, os Projetos de Resolução n.ºs 062 e 063/02, discutidos pelo Vereador João Antonio Dib, o Projeto de Lei Complementar do Executivo n.º 002/02, discutido pelas Vereadoras Maria Celeste e Sofia Cavedon, os Projetos de Lei do Executivo n.ºs 025 e 024/02, este discutido pelo Vereador João Antonio Dib; em 3ª Sessão, os Projetos de Lei do Executivo n.ºs 022, 023, 026, 028 e 029/02, o Projeto de Lei Complementar do Legislativo n.º 004/02, discutido pelo Vereador Juarez Pinheiro. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Nereu D’Avila manifestou-se sobre a formação da Frente Trabalhista, que busca a integração política do Partido Democrático Trabalhista - PDT, do Partido Popular Socialista - PPS - e do Partido Trabalhista Brasileiro - PTB, discorrendo acerca das declarações externadas na imprensa pelos Senhores Leonel Brizola e Ciro Gomes sobre o assunto. Também, analisou a regulamentação proposta pelo Tribunal Superior Eleitoral - TSE, que versa sobre as coligações partidárias. O Vereador Haroldo de Souza discursou sobre a apreciação de Projetos de Lei, de autoria de Sua Excelência e em tramitação nesta Casa, especialmente o Projeto de Lei do Legislativo n.º 035/01, que dispõe sobre a criação de casas-lares no Município. Ainda, criticou o Projeto de Lei Complementar do Executivo n.º 001/02, que versa sobre a implantação do Departamento Municipal de Previdência dos Servidores Públicos do Município de Porto Alegre - PREVIMPA. O Vereador João Antonio Dib posicionou-se contrariamente à iniciativa do Executivo Municipal, no sentido de majorar as tarifas de água e esgotos na Cidade, tecendo considerações sobre os dispositivos legais que regulamentam essa matéria. Nesse sentido, ressaltou a necessidade de apreciação do Projeto de Decreto Legislativo n.º 001/02 (Processo n.º 0949/02), solicitando aos Senhores Vereadores empenho no exame dos Projetos de Lei constantes na Ordem do Dia que sofreram Veto. O Vereador Luiz Braz cumprimentou o Vereador João Carlos Nedel pela assunção de Sua Excelência ao cargo de 1º Secretário deste Legislativo e referiu-se à candidatura da Senhora Roseana Sarney à presidência da República nas próximas eleições. Também, comentou aspectos do Projeto de Lei Complementar do Legislativo n.º 004/02, que define como taxa o tributo cobrado pela prestação dos serviços de distribuição de água e captação de esgotos sanitários no Município. A seguir, o Senhor Presidente registrou a presença dos Vereadores Vilson Müller, do Município de São Paulo das Missões - RS, Altemir Luft, do Município de São Martinho - RS, Osmar Santos e Ervino Loben, do Município de Senador Salgado Filho - RS, Lauro da Silva, do Município de Mostardas - RS e Edegar Lopes, do Município de Alegrete - RS. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Sebastião Melo reportou-se ao pronunciamento efetuado pelo Vereador João Antonio Dib, relativamente à questão do aumento da tarifa de água e esgotos no Município. Ainda, aludiu à pesquisa de opinião divulgada pelos jornais a respeito dos índices inflacionários verificados nas Capitais dos Estados brasileiros e questionou o Executivo Municipal no que se refere à previsão orçamentária para a criação de cargos públicos. O Vereador Paulo Brum, procedendo à leitura de trechos de artigos publicados no jornal Diário Gaúcho do dia de hoje, intitulados “Toque de recolher no Rubem Berta” e “Posto de saúde fica cinco horas fechado”, teceu críticas às políticas de segurança pública adotadas pelo Executivo Estadual. Também, relatou a participação de Sua Excelência em homenagem à Associação Santanense do Deficiente Físico, realizada no Município de Santana do Livramento - RS. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou a presença do Vereador Leoni Paulo Matzenbacher, do PPB do Município de São Luiz Gonzaga - RS. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Zé Valdir externou sua satisfação em exercer o mandato de Vereador na Câmara Municipal de Porto Alegre, discorrendo sobre a importância das práticas políticas e administrativas para o fortalecimento da democracia e para a solução dos principais problemas da sociedade. Também, discursou acerca da qualificação dos trabalhos desenvolvidos pelos Senhores Vereadores neste Legislativo. O Vereador Raul Carrion posicionou-se favoravelmente ao reassentamento de famílias que se encontram em situação de risco, as quais residem em área pertencente a Petróleo Brasileiro Sociedade Anônima - PETROBRAS, localizada no Bairro Porto Seco, nesta Capital. Também, teceu considerações acerca de Medida Provisória em tramitação no Congresso Nacional, que prevê o repasse, aos consumidores brasileiros, dos prejuízos das concessionárias de energia elétrica com o racionamento do consumo de eletricidade. A seguir, constatada a existência de quórum, foi iniciada a ORDEM DO DIA. Em Discussão Geral e Votação Nominal, esteve o Projeto de Lei do Legislativo n.º 129/01, com Veto Total, Projeto este que, após ser discutido pelos Vereadores Pedro Américo Leal, Juarez Pinheiro, Marcelo Danéris, Luiz Braz, João Antonio Dib, Sofia Cavedon, Reginaldo Pujol e Estilac Xavier, deixou de ser votado, face à inexistência de quórum deliberativo. Durante a apreciação do Projeto de Lei do Legislativo n.º 129/01, os Vereadores Paulo Brum e Ervino Besson cederam seu tempo de discussão aos Vereadores Pedro Américo Leal e Luiz Braz, respectivamente. Às treze horas e quatro minutos, constatada a inexistência de quórum deliberativo, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima segunda-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores José Fortunati, Carlos Alberto Garcia, João Carlos Nedel, Paulo Brum e Aldacir Oliboni e secretariados pelo Vereador João Carlos Nedel. Do que eu, João Carlos Nedel, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 

 

 


O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Passamos à

 

TRIBUNA POPULAR

 

Convido, a sempre Vereadora, a nossa querida Ver.ª Helena Bonumá, Secretária do Governo, para compor a Mesa, juntamente com a Sr.ª Haidê Alegretti Venzon, da Coordenação do Fórum Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente; a Sr.ª Maria Lúcia de Andrades Reis, Diretora da Escola Porto Alegre e a Irmã Conceição, também da Coordenação do Fórum.

O Sr. José Ricardo Calza Caporal, representando a Associação de Apoio ao Fórum Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, está com a palavra, pelo tempo regimental de 10 minutos.

 

O SR. JOSÉ RICARDO CALZA CAPORAL: Bom-dia, Presidente desta Casa, Ver. José Fortunati, Srs. Vereadores e Sr.as Vereadoras, mais uma vez vimos aqui resgatar o que esta Casa nos outorgou, pela Lei Municipal datada de 1991, onde, acreditando na organização da sociedade civil, possibilitamos uma articulação melhor e mais qualificada na plenitude de responsabilidades e de direitos que todos os cidadãos têm de ter nesta Casa. E nós fazemos, sim, com a bandeira da criança e do adolescente. Hoje somos mais de quatrocentas instituições organizadas e atendemos, diariamente, dos meios populares, a mais de trinta e sete mil crianças e adolescentes/dia.

Mas, hoje, vimos aqui usar a palavra para dar boas notícias e dizer como esta Cidade está cada vez mais crescendo no enfrentamento da busca de garantias para as nossas crianças e adolescentes.

A primeira notícia boa que trazemos é exatamente a ação articulada entre três segmentos, que são: a Câmara de Vereadores, a Prefeitura Municipal e a sociedade civil organizada, por meio do Fórum, na busca - e com sucesso, neste momento -, no enfrentamento da inclusão social por meio do trabalho educativo para jovens adultos.

Esses jovens muitos dos senhores e das senhoras observam dentro da própria Câmara de Vereadores trabalhando na jardinagem, trabalhando no que eles sabem fazer; e o fazem muito bem.

Esse projeto não é meramente levar o jovem a trabalhar; não, é de levar esse jovem a uma qualidade de vida como todos deveriam ter nesta Cidade.

Esse projeto acompanha também o rendimento escolar desses jovens nas suas escolas; o reforço alimentar, o apoio educacional e o apoio, também, a seus vínculos familiares.

Esse projeto foi assinado no ano passado - pelo Presidente, o nosso Ex.mo Ver. Fernando Záchia -, acreditando na possibilidade de os segmentos envolvidos vencerem as suas barreiras ideológicas, vencerem aquelas suas verdades em benefício de uma somatória maior.

Então, esse ato simbólico, essa vontade de, realmente, fazer as coisas acontecerem supera e acontece, como está acontecendo agora.

O projeto em si - para que tenham uma idéia -, por mês, para cinco adolescentes, com toda essa gama de oportunidades que nós estamos gerando - porque esses jovens são contratados, têm carteira assinada e todos os direitos -, todo esse projeto, com alimentação, acompanhamento, sai em torno de 2 mil, 774 reais.

Quando se faz uma ação preventiva como essa, muito mais do que preventiva, de garantia de direitos, nós vemos que os recursos são muito pequenos. Para que tenham uma idéia e comparem, um jovem, na nossa antiga FEBEM, sai 3 mil reais/mês. Então, com menos do custo de um jovem em regime fechado, nós possibilitamos que cinco jovens tenham direito, tenham acesso a essas informações e, realmente, geramos cidadania plena para todos.

Na seqüência da minha fala, gostaria de apresentar esses jovens que estão aqui presentes. Por favor, gostaria que ficassem em pé. Eles são o Felipe, o Luís Cláudio, o Juliano Assis, o Juliano Flores e o Alessandro Duarte. Eles são a ponta do nosso iceberg. Existem diversos jovens que, como eles, estão se capacitando para cada vez mais terem oportunidades.

Nós vamos continuar lutando para que essas oportunidades se tornem reais, não somente no papel, mas, sim, de carne e osso como estão aqui presentes. Muito obrigado. (Palmas.)

O Fórum também está se propondo a futuras ações para a Cidade. A próxima ação que estamos concretizando é a Casa República para jovens adultos que estão na rua, embaixo das pontes. Nós vamos ter casas para atender seis meninos e seis meninas. Nesse primeiro momento, nós teremos duas casas onde eles estarão trabalhando o seu vínculo econômico e familiar para que em um ano consigam autonomia plena para não ficarem indo de abrigo a abrigo, para que tenham autonomia para buscar o seu autofinanciamento, a autogestão.

Aproveitamos para convidar todos os Srs. Vereadores para, no dia 27 deste mês, quando estaremos inaugurando a primeira casa dos meninos, e depois a das meninas.

A mensagem final que deixo é uma mensagem que resgata todas as teorias e técnicas que temos para evoluirmos como seres humanos: “Para que todos sejam felizes; e para que todos sejam felizes é necessário ter paz; para que as pessoas tenham paz é necessário justiça; e para que tenham justiça é necessário que todos tenham oportunidade de exercitar a sua cidadania.” Bom-dia! Muito obrigado a todos. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Convido o Sr. José Ricardo Calza Caporal para integrar a Mesa.

O Sr. Haroldo de Souza está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. HAROLDO DE SOUZA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, Sr. José Ricardo Calza Caporal, Presidente da Associação de Apoio ao Fórum Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, quando o assunto é criança realmente toca-me muito fundo, porque creio que a criança é o futuro deste País e da humanidade. A criança precisa ser olhada definitivamente com toda a possibilidade de assistência que a sociedade possa dar.

São quatrocentas entidades organizadas. E eu não vi o Sr. José Ricardo Calza Caporal falar nas demais crianças que estão nas ruas de Porto Alegre. Gostaria de saber sua opinião a respeito disso. Tão logo anunciou os meninos, ali, fui conversar com os cinco meninos que estão aqui. Um deles me garantiu que existem muitas crianças na rua e que moram num casarão aqui próximo da Câmara Municipal de Porto Alegre. É o depoimento de quem esteve lá. Temos, sim, crianças de rua. Então, gostaria muito de pedir, em nome do PHS, ao Sr. José Ricardo Calza Caporal que, além desses fóruns, debates, palestras, encontros, discursos, fosse realizada, na prática, a retirada de meninos e meninas de rua. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Raul Carrion está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. RAUL CARRION: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, em primeiro lugar, a nossa saudação, parabenizando a vinda do Sr. José Ricardo Calza Caporal, em nome de quem saúdo a todas as pessoas da Mesa, inclusive a nossa Secretária e sempre Ver.ª Helena Bonumá.

Num País, onde milhares de crianças vivem hoje em situação de trabalho infantil, sem respeito a sua infância, ao direito de brincar, ao direito de estudar, e que são submetidas a uma exploração degradante, enquanto outros bilhões vivem na marginalidade, muitas vezes envolvidas na teia da criminalidade, sem possibilidade de um desenvolvimento digno da sua infância, é extremamente importante essa iniciativa de inclusão social, através do trabalho de jardinagem, aqui na Câmara, com o envolvimento da Prefeitura e do Conselho, garantindo o direito de estudo, o direito das crianças e adolescentes.

O principal dessa iniciativa é o trabalho, não como uma condenação, como alienação da capacidade criativa, mas enquanto forma de expressão de personalidade, de desenvolvimento humano, algo que, creio, mais dia menos dia, será o conteúdo do trabalho, numa sociedade em que não haja explorados, exploradores, oprimidos e nem opressores, no meu entendimento, numa sociedade socialista, na qual esse trabalho deixa de ser uma praga, uma condenação e passa a ser a verdadeira expressão da personalidade humana.

Parabéns da Bancada do Partido Comunista por essa iniciativa que servirá como exemplo a muitas outras iniciativas se desenvolvam e façam do trabalho dos jovens uma maneira de educação e de realização pessoal. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Anunciamos a presença do Agrônomo Jaques Saldanha, que tem acompanhado o projeto e tem feito, sem dúvida nenhuma, um trabalho humano do maior significado.

O Ver. Ervino Besson está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, em nome da Bancada do PDT, com muito carinho, saúdo o Sr. José Ricardo Calza Caporal, Presidente da Associação de Apoio ao Fórum Mundial dos Direitos da Criança e do Adolescente e também as senhoras que fazem parte da Mesa. Chamo a atenção desta Casa para um fato - o pronunciamento do Sr. José Ricardo deve ficar gravado na mente de cada nobre colega Vereador e Vereadora desta Casa: um jovem na FEBEM custa aos cofres públicos 3 mil reais. Três mil reais! Pela última informação que eu tive custaria 1 mil e 600 reais, agora são 3 mil. Vejam V. Ex.as que se tem de fazer um trabalho em cima das nossas crianças com a máxima urgência, o que no futuro será uma grande economia para os cofres públicos.

Eu estive fazendo uma visita ao Calábria, na semana passada, e vou programar para que os demais Vereadores façam uma visita à Escola Profissionalizante do Pobre Cego da Divina Providência, em que o Prof. Alairton, que é o Presidente do Conselho Municipal da Criança e do Adolescente, faz um belíssimo trabalho. Vejam vocês que há crianças que não freqüentam a escola, porque não têm vale-transporte, e os senhores sabem muito bem o que representa para as crianças e as condições que aquela casa educativa dá para elas, inclusive a alimentação. E elas não vão à aula porque não têm vale-transporte! A coisa é séria! Tem-se de fazer um trabalho com essas crianças, o que será uma grande economia para o País no dia de amanhã.

Eu parabenizo os senhores! Penso que a Casa tem de estar junto, pois essa luta vem ao encontro daquilo que a sociedade séria pensa para que se tenha dias melhores no futuro. Tem-se de investir em nossas crianças. Saúdo a todos e desejo uma boa luta. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, meu prezado José Ricardo Caporal, seja muito bem-vindo. Já dialogamos, muitas vezes, sobre a criança e o adolescente. Gostaria de dar as boas-vindas à Irmã Conceição, minha amiga de muitos anos; a Haidê Venzon, minha paroquiana; a nossa querida Ver.ª Helena Bonumá, sempre Vereadora e à outra menina de quem não recordo o nome. Eu gostaria de, em nome da Bancada do PPB - dos Vereadores João Antonio Dib, Pedro Américo Leal, Beto Moesch, e deste Vereador, todos aqui presentes -, dar as boas-vindas e agradecer pelas boas notícias.

Gostaria muito que a Bancada do PPB fosse também informada de como estão aquelas duzentas e oitenta vagas para abrigos e albergues que o Juiz da Infância e da Juventude está solicitando. Gostaria de saber como está o encaminhamento desse assunto. Também como é que está aquele nosso velho assunto de ressocialização, em meio aberto, para menores infratores.

São assuntos que nos interessam muito, especialmente ao Ver. Pedro Américo Leal, especialista em segurança, porque precisamos encaminhar os nossos menores para um futuro melhor, e isso é muito importante.

Sejam muito bem-vindos e obrigado pelas boas notícias, alvissareiras, que nós apreciamos muito. Parabéns. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Prezado Presidente, prezada Secretária de Governo, nossa colega Ver.ª Helena Bonumá; prezada Malu, Diretora da Escola; prezada Haidê, que, ontem, foi agraciada, na Assembléia Legislativa, com um prêmio - parabéns! -; prezada Irmã Conceição. Caporal, lembro-me que, no ano passado, tu vieste a esta Casa e, por intermédio da Ver.ª Sofia Cavedon, levaste à Mesa esse assunto. De pronto - a Ver.ª Helena Bonumá fazia parte, também, da Mesa Diretora – esta Casa acolheu a intenção de oportunizar a esses jovens essa vivência. E eu entendo que isto é um resgate da cidadania.

O Ver. Haroldo de Souza falou das dificuldades - e nós sabemos que há centenas de crianças de rua que vivem em situações muito delicadas em nossa Cidade -, mas eu também vejo que a cada ação governamental em que uma criança é retirada da rua, há uma criança a menos nessa construção. Portanto, esse trabalho que o Fórum Municipal tem realizado, de buscar recursos e criar programas e projetos, cada vez mais faz com que acreditemos na possibilidade de resgate da cidadania. Quero também te informar, Caporal – tu, que és muito ligado à área desportiva -, que aqui nesta Casa existe uma Comissão Especial que está cuidando da questão do desporto. Uma das coisas que tem sido muito ventiladas é a utilização do desporto como medida profilática.

Para concluir, tenha a certeza, Caporal, de que esta iniciativa do Fórum Municipal dos Direitos da Criança é muito bem-vinda. Sabemos que isso é num crescer, mas que retirar todas as crianças é uma utopia que nós queremos buscar. Então, parabéns a essa iniciativa do Fórum Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Paulo Brum está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. PAULO BRUM: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa.) Justiça se faz ao dizer que a Ver.ª Sofia Cavedon foi a Vereadora que lutou, que interferiu junto à Mesa Diretora para que tivéssemos aqui na Casa esse tão importante trabalho que os senhores estão desenvolvendo. Por outro lado, eu não posso deixar passar em branco uma crítica ao ex-Prefeito, o Prefeito mentiroso, de Porto Alegre, que disse que ia ficar quatro anos e não ficou. Neste mês faz exatamente um ano que foi lançado, pelo Governo Federal, o Projeto Bolsa-Escola, que agora o Lula diz que é do PT, mas somente após um ano do lançamento do Projeto é que Porto Alegre se cadastrou para que as nossas crianças pobres, carentes, tenham o direito, também, de receber essa contribuição, essa verba, esse benefício do Governo Federal.

Portanto, quero parabenizar a iniciativa de vocês, o trabalho que vocês estão desenvolvendo e também dizer que tudo o que venha a contribuir para nós, de fato, tirarmos as nossas crianças da rua, tem de ser bem-vindo e deve ser sempre aplaudido.

Parabéns a vocês, mas deixando a minha crítica, o meu repúdio, em nome do meu Partido, o PSDB, à ação do então ex-Prefeito desta Cidade. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): A Ver.ª Sofia Cavedon está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Sr. Presidente e Srs. Vereadores; prezados lutadores Ricardo Caporal, Haidê Venzon, Malu, que é a Diretora da Escola Porto Alegre, Irmã Conceição, Jaques, o educador que está no centro dessa história vivida pelos meninos - o Felipe, o Luiz Cláudio, o Juliano Oliveira, o Juliano Assis e o Alessandro - que, com o seu empenho e persistência, corresponderam e ajudaram esta Casa, que tão prontamente – e quero fazer esse registro –, pelo seu conjunto de Vereadores, apoiou, apostou e buscou encontrar alternativas para construir um conhecimento novo.

Nós, com essa experiência, a partir do trabalho que veio da Escola Porto Alegre, de todo o acúmulo que tem o Fórum de Entidades, estamos atendendo cinco crianças nesse momento, mas esse é um conhecimento novo neste projeto, esse é um conhecimento novo para conseguirmos ter sucesso na saída dos meninos da rua.

Então, ela é uma experiência muito preciosa, e é muito importante que a Câmara se dê conta de que está no protagonismo dessa história. Eu penso, então, que esse é o primeiro registro importante de se fazer.

O segundo registro é: o que seria de Porto Alegre, das crianças, sem essa ação da sociedade civil? Eu registro aqui o Fórum de Entidades, que reúne mais de trezentas entidades, que dá atendimento a crianças de 0 a 6 anos, a portadores de deficiência, que dá atendimento pós-aula, que tem um trabalho educativo muito importante, que nós queremos fazer crescer e ganhar consistência e qualidade nesta Cidade. Então, essa sociedade civil organizada, por uma de suas organizações, a mais poderosa que nós temos, têm tensionado o Governo Municipal, tem organizado a sociedade para construir políticas públicas para crianças e adolescentes.

É inestimável a ação do Fórum de Entidades nesta Cidade e queremos fazer este reconhecimento público, em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Ao encerrarmos esta Tribuna Popular, eu queria, como Presidente da Casa, dizer da nossa satisfação por recebermos os representantes do Fórum Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, numa parceria muito sólida, muito consolidada, muito positiva entre o Fórum, a Câmara Municipal de Porto Alegre e a Prefeitura Municipal de Porto Alegre.

Sabemos que se trata, sim, de um pequeno projeto, em termos de números, mas muito grandioso do ponto de vista humano.

Mais do que isso, meu caro Caporal, quero aqui enaltecer o trabalho realizado pelo Fórum, pelas suas quase quatrocentas entidades, que são entidades da sociedade civil que lutam com muita garra, com muito afinco, com muita dificuldade, especialmente do ponto de vista financeiro, para atenderem em torno de trinta e oito mil crianças e adolescentes que se encontram em situação de risco.

É um trabalho fantástico e, infelizmente, ainda muito pouco conhecido do grande público. A maioria das pessoas desconhece esse trabalho fantástico, esse trabalho altruísta, esse trabalho humano que é realizado por essas quatrocentas entidades na Cidade de Porto Alegre. É uma lástima que isso aconteça, porque não se tem a idéia clara de quão positivo tem sido esse trabalho, no sentido de resgatarmos a cidadania de crianças e adolescentes que vêm sendo claramente alijadas de qualquer processo: cultural, educacional e até do processo produtivo.

Por isso, em nome desta Casa, desejo cumprimentá-los, cumprimentar a todos os voluntários, a todos aqueles que atuam junto ao Fórum e junto às entidades, pelo belo, excelente e humano trabalho realizado pelo Fórum.

Agradeço a presença do Sr. José Ricardo Calza Caporal, Presidente do Fórum Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente; da nossa querida Ver.ª. Helena Bonumá, Secretária do Governo; da querida amiga Haidê Alegrete Venzon, da coordenação do Fórum; da querida amiga Maria Lúcia de Andrade Reis, Diretora da Escola Porto Alegre; da querida Irmã Conceição, da Coordenação do Fórum e a todos que nos deram a alegria da sua presença.

Estão suspensos os trabalhos.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 09h37min.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia – às 09h38min): Estão reabertos os trabalhos.

Passamos às

 

COMUNICAÇÕES

 

O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra por cessão de tempo do Ver. Beto Moesch.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, no período de Comunicações, agradeço ao Ver. Beto Moesch por me ceder o seu tempo. E eu gostaria de informar ao Plenário, que com muita honra, entreguei há poucos minutos ao ilustre Ver. Pedro Américo Leal uma cópia do Programa de Segurança Pública para Porto Alegre. Esse programa que recebi da Prefeitura Municipal é de autoria do Consultor Luiz Eduardo Soares. Tempos atrás, aqui, fiz uma crítica contundente à posição adotada pelo Sr. Luiz Eduardo Soares, que assessorava o Sr. Prefeito Municipal na área de Segurança. Dizia o Sr. Luiz Eduardo Soares - é até muito importante que o Caporal me ouça - que para combater a droga, o único remédio era liberar o consumo e a comercialização da droga. Insurgi-me e continuo me insurgindo contra essa opinião. Acho que se liberar a droga, pelos problemas educacionais e familiares que temos, seria o caos. Todo esse trabalho, Caporal e Irmã Conceição, que vocês fazem junto à criança, cairia por terra. Precisamos fazer o que vocês estão fazendo, ajudar, acompanhar, proteger o jovem, proteger a família. Pois bem, foi essa a opinião dele contra a qual eu me insurgi, mas, no entanto, o ilustre Sr. Luiz Eduardo Soares merece o meu respeito. Ele pode ter uma opinião da qual eu divirjo, mas continuo respeitando-o. Agora ele apresenta, após oito meses de trabalho, um programa de segurança para Porto Alegre, que o ilustre Ver. Pedro Américo Leal irá estudar com profundidade e, depois, virá expressar com a sua autoridade, com o seu conhecimento a sua opinião e a sua análise. Então, não cabe a mim analisar, porque não o entendo profundamente. Quero dizer que, na verdade, ele colocou várias opções, várias oportunidades para os jovens e adolescentes saírem da droga, que é um dos fatores fundamentais para a criminalidade em Porto Alegre.

 

O Sr. Pedro Américo Leal: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) V. Ex.ª deu-me a honra de me citar e de me integrar à discussão sobre o problema de segurança. Eu estou lendo o livro, O Meu Casaco de General, e estou lendo também o programa do PT sobre segurança, programa nacional. E, agora, recebo este fascículo de V. Ex.ª para eu ler e estudar. Prometo a V. Ex.ª que vou fazer esse pronunciamento e dar a minha impressão sobre esse tormentoso clima que temos no País, que é a segurança pública. Muito obrigado.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Muito obrigado, Vereador. Efetivamente, o Sr. Luiz Eduardo Soares faz uma avaliação da realidade conjuntural, e essa avaliação é despida de corporativismo ou de qualquer compromisso ideológico. É uma notícia alvissareira. Ele propõe várias opções, vários tipos de gerenciamento que merecem uma reflexão, e, especialmente, lá na Restinga, ele projetou um projeto-piloto, que já está sendo implantado. Entre alguns pontos, o curso de Sensibilização dos Agentes Públicos Sobre a Violência Doméstica Contra as Mulheres e Crianças. Está sendo implantado, lá, um estúdio multimídia, uma estação popular de invenção cultural, construção, organização e programação. Estão fazendo um circuito da paz, cuidados especiais para idosos e mães jovens e querem resgatar esses jovens por meio do esporte, pela ampliação de espaços, treinamento de multiplicadores, introdução das artes marciais e aplicação do Projeto Esporte Dia e Noite, destinado a ocupar jovens tendencialmente ociosos em horários e dias de risco. Por isso, eu tenho certeza de que o Ver. Pedro Américo Leal vai aqui apresentar uma análise profunda, porque ele é um conhecedor adequado e especializado em segurança, uma das grandes preocupações da população de Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Ver. Ervino Besson está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sr.as Vereadoras, senhoras e senhores que nos acompanham nas galerias, também as pessoas que nos assistem pela TV Câmara, eu queria saudar todos. Na quarta-feira, nós tivemos aqui nesta tribuna, no período da Tribuna Popular, o comparecimento do Vice-Presidente do Hospital Espírita, Sr. Dr. Sady Soares Salatino, juntamente com o seu Presidente, Dr. José Jorge. Temos acompanhado, ao longo dos anos, o trabalho, a luta da direção deste Hospital para que ele permaneça atendendo pessoas, principalmente pessoas que têm problemas mentais, problemas de drogas. O Hospital Espírita tem mais de quatrocentos leitos, e há filas de pessoas que estão aguardando um leito.

Eu chamo a atenção desta Casa, pois a situação deste Hospital é extremamente difícil. Este Hospital poderá vir a fechar as suas portas. Portanto, meu caro Ver. Pedro Américo Leal, se as nossas Secretarias de Saúde do Estado e do Município, juntamente com o Ministério da Saúde não analisarem a situação do Hospital Espírita com grande responsabilidade, eu pergunto: como ficará a situação dessas pessoas que estão internadas no Hospital, onde há quatrocentos leitos e uma grande fila de espera? Judicialmente, o Hospital interna a média de sessenta a sessenta e quatro pessoas, mensalmente, e, muitas vezes, não há vaga no Hospital. Como este Vereador, eu creio que outros Vereadores desta Casa também visitam o Hospital e têm o conhecimento de que pessoas com risco de vida são colocadas nos corredores, sendo que, pela situação do paciente, esse não é o local adequado para essas pessoas estarem instaladas, em um corredor de hospital, mas, por ordem judicial, o Hospital tem de obedecer.

O Hospital ainda continua aberto graças ao heroísmo de sua direção, pois a maioria trabalha gratuitamente, não recebendo nada do Hospital. Vários Vereadores tiveram a oportunidade de ver - na quarta-feira, aqui, depois do pronunciamento da maioria das Bancadas - que o Dr. José Jorge, Diretor do Hospital, estava chorando. Um homem daquela idade, chega de manhã no Hospital, e trabalha por amor ao próximo. Ele saiu desta Casa chorando.

Esses fatos a que nós assistimos aqui, na área da saúde, nos deixa extremamente preocupados.

Fica aqui mais uma vez o apelo: o Hospital Espírita está pedindo socorro, mas esse socorro que o Hospital Espírita, por intermédio da sua direção, está pedindo é sim para uma grande parcela daqueles pacientes, e esse socorro tem de vir também da nossa comunidade, porque o Hospital Espírita representa hoje aquelas famílias que têm de ser tratadas e vistas, sim, com muita seriedade. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Este Vereador passa os trabalhos ao Sr. 3.º Secretário, Ver. Aldacir Oliboni, que hoje vai fazer sua estréia na Presidência. Por gentileza, Ver. Aldacir Oliboni.

 

(Ver. Aldacir Oliboni assume a presidência dos trabalhos.)

 

O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): Quero agradecer aqui ao nosso Vice-Presidente, Ver. Carlos Alberto Garcia, pela gentileza.

O Ver. Raul Carrion está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. RAUL CARRION: Ex.mo Ver. Aldacir Oliboni, que preside os trabalhos, inaugurando certamente muitas Sessões presididas na Casa. Queria agradecer, em primeiro lugar, ao Ver. Carlos Alberto Garcia que, gentilmente, trocou para uma outra ocasião, dizer que, infelizmente, não concederei apartes, porque pretendo fazer uma manifestação em torno dos 30 anos da Guerrilha do Araguaia. (Lê.) “Doze de abril de 2002, 12 de abril de 1972, há exatos 30 anos, frente ao ataque de tropas do Exército em busca de ‘subversivos’ na região do Araguaia, na confluência dos Estados de Goiás, Tocantins e Pará, surge a resistência guerrilheira do Araguaia, que, durante três anos, resistirá a três campanhas de cerco e aniquilamento das Forças Armadas Brasileiras. O Brasil vivia um dos períodos mais terríveis da sua história, a oposição fora calada, o Congresso fechado, as eleições suspensas em todos os níveis, os Partidos políticos, os Sindicatos, as entidades estudantis e populares, garroteados. As prisões estavam cheias generalizavam-se as torturas e os assassinatos assim como a censura aos meios de comunicação. A euforia com o chamado ‘Milagre Econômico’ e a conquista da Copa do Mundo anestesiavam amplas parcelas do povo brasileiro. O Regime Militar parecia invencível e eterno. Nas selvas do Araguaia, desde o final da década de 60, dezenas de militantes e dirigentes comunistas procuravam organizar a luta dos camponeses e posseiros da região, ao mesmo tempo que se preparavam para a resistência, caso fossem atacados. Assim, mesmo precariamente armados, refluíram para a mata quando da primeira ofensiva militar, constituindo três destacamentos guerrilheiros, estreitamente ligados ao povo da região, que até hoje relembra os guerrilheiros do Araguaia com imenso carinho. Resistiram até o início de 1975, enfrentando mais de dez mil homens das três armas das Forças Armadas, em operação bélica que só tem paralelo no envio da Força Expedicionária Brasileira aos campos de batalha da Europa, no combate ao nazi-fascismo. Embora derrotada militarmente, a Guerrilha do Araguaia sagrou-se vitoriosa do ponto de vista político e histórico. O fim do Regime Militar, em 1985, deveu-se à resistência realizada pelo povo brasileiro desde o primeiro dia do Golpe de 64, e que teve no Araguaia uma expressão avançada. Depois do Araguaia, a luta do povo brasileiro ganhou mais força e impulso, forçando o Regime Militar à chamada abertura política. A resistência do Araguaia pertence à história. No contexto da ditadura militar ela foi uma forma de luta justa e necessária. Ao reverenciá-la, os comunistas não fazem apologia a essa ou àquela forma de luta. O modo de lutar o povo cria e escolhe, conforme as circunstâncias de cada momento histórico. Hoje, a luta em defesa da soberania nacional, da liberdade e dos direitos do povo continua sob novas formas, adequada à realidade política do País. Homenagear os guerrilheiros e guerrilheiras do Araguaia - entre eles os gaúchos João Carlos Haas Sobrinho, José Humberto Bronca, Paulo Mendes Rodrigues e Cilon Cunha Brum e tantos outros patriotas que tombaram lutando em defesa do nosso povo - significa, na atualidade, redobrar nossos esforços na conquista de um Brasil democrático e soberano, que garanta ao nosso povo uma vida digna e feliz.”

Concluo, recitando duas estrofes da poesia Araguaia, de autoria do nosso amigo e Ver. José Valdir, declamada pela primeira vez em 1996, no Paço Municipal, na cerimônia de sanção, pelo Prefeito Tarso Genro, de Lei de minha autoria, homenageando os guerrilheiros mortos no Araguaia. Passo a declamar essas estrofes: “Araguaia / Vidas, históricas vidas / Simbólicas vidas / Utopia que o povo reconstrói / Obsessão dos poderosos / Que ainda tramam alucinados / A destruição dos seus registros / A sobremorte dos seus heróis. / Araguaia! / Nosso Hino ganhou sentido / Teus filhos não fugiram à luta / Nem temeram a morte / Na lapa e na mata hostil / Lutando por esta Pátria / Que um dia será a mãe gentil / Dos excluídos filhos deste solo / Do nosso imenso Brasil!” Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): O Ver. Cassiá Carpes está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. CASSIÁ CARPES: Sr. Presidente em exercício, Ver. Aldacir Oliboni; Srs. Vereadores, Sr.as Vereadoras, eu queria, hoje, me manifestar, até como componente do Partido Trabalhista Brasileiro, neste momento em que estamos com a possibilidade de fazer uma aliança trabalhista, e tranqüilizar aqueles que entendem que este momento é importante para a negociação, importante para o diálogo entre os partidos e até, porque não, no sentido do contraditório, no sentido de buscar alternativas melhores para a sociedade rio-grandense. Dessa forma vamos ocupando a mídia porque foi dessa forma, Ver. João Dib, que a oposição usou a mídia, ou seja, discutindo, quebrando os pratos dentro do seu Partido, fazendo até acusações duras, Olívio contra Tarso, Tarso contra Olívio. Então, estamos encaminhando uma negociação, difícil, é claro, porque para fazer uma aliança em nível nacional é difícil, e em nível estadual também é muito difícil, mas entendo, como parte de um partido que está dentro dessa aliança, o Partido Trabalhista Brasileiro, que, nós, do Partido Trabalhista Brasileiro, estamos buscando a melhor alternativa para que nós possamos ganhar essa eleição. Não basta competir, temos que ganhar a eleição. Para isso nós temos aí, em princípio, três partidos, PTB, PDT e PPS, com os seus candidatos postos, uns dizem que não vão, outros podem ir mais adiante, o nosso já se definiu. O nosso Deputado Presidente da Assembléia, Presidente de honra do nosso Partido, Ver. Sérgio Zambiasi, já se definiu pelo Senado, até não deixando satisfeito alguns segmentos do nosso Partido, mas é uma expressão pessoal, no meu entender, correta. Para mim seria muito fácil me eleger - se eu fosse candidato - Deputado Estadual, com doze, quatorze mil votos, com o Deputado Sérgio Zambiasi, que vem fazendo quatrocentos, quinhentos mil votos no grande momento da sua carreira, Presidente da Assembléia, ou se ele fosse candidato a Governador e também propiciasse a mim uma grande votação, ajudando. Portanto, entendo que o nosso Partido está dando a nossa parte, a nossa contribuição, já definimos que o nosso candidato irá ao Senado, e agora resta ao PDT ceder um pouco, o PPS ceder outro pouco, para que nós possamos chegar a um consenso de uma candidatura com a viabilidade política, com a maturidade política de uma coligação que, futuramente... Por que não? Sou até a favor, Ver. Ervino Besson, de um grande partido trabalhista.

Portanto peço ao PDT, ao PPS que tenham paciência, é um momento de negociação, um momento de cortarmos as pequenas arestas que ainda temos para que possamos colocar um candidato com viabilidade de ganhar essa eleição. Semana passada, em reunião, em Passo Fundo, dos Vereadores do nosso Partido, ao voltar, passei numa mercearia para comprar uma erva e perguntei para algumas pessoas: “Como é, vocês estão satisfeitos com esse Governo do Estado?” Primeiro, a senhora, até um pouco constrangida porque não sabia de que partido nós éramos, não quis se manifestar, mas disse: “Olha nós não estamos satisfeitos com os políticos.” Foi a primeira frase que ela usou, depois, conversando, veio o seu marido, e esse, sendo mais aberto, começou a perguntar, começou a dialogar, e disse uma coisa para nós a qual temos que desmistificar, temos de terminar de vez e mostrar para o Rio Grande a verdade. Trata-se do seguinte: estão dizendo lá, perto de Passo Fundo, ali em Soledade, que o Tarso não é Olívio; que o Tarso não é PT; que o Tarso é diferente do PT; que o Tarso é diferente do Olívio. Eu até concordo que seja diferente, o bigode do Olívio é maior, mais preto, e o bigode do Tarso é mais ralo, mais fininho, mais claro; ele é um pouquinho mais calvo. É diferente, sim, neste aspecto, mas, ideologicamente, não é diferente, é o mesmo PT, que já está com o seu candidato a Vice-Governador, que já está com o Rossetto, que vai comandar, de novo, o governo do Estado.

Então, nesse sentido, temos que nos preparar para primeiro colocarmos um candidato com viabilidade, com o apoio e a consistência da nossa coligação trabalhista, para que possamos, primeiro, colocar o nosso candidato no segundo turno - porque é uma eleição de dois turnos, ninguém vai ganhar no primeiro turno, essa é a tendência –, para que nós, no segundo turno, possamos mostrar para a sociedade rio-grandense quem é esse candidato que disparou da Administração de Porto Alegre! Quem é esse candidato que não fez nada em Porto Alegre, em um ano e pouco, que diz que vai fazer o sambódromo, e que diz que vai fazer - está no papel - mas não...

 

O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): Para concluir, Vereador.

 

O SR. CASSIÁ CARPES: Termino, Sr. Presidente. Não vai fazer mais porque não é mais Prefeito; é esse candidato quem aumentou a água em 18% na Capital; ele quer aumentar o IPTU progressivo, quer aumentar a passagem dos ônibus. Tudo isso nós vamos mostrar para a sociedade, e mais: que Porto Alegre não é aquela beleza, porque o Centro está abandonado e a nossa periferia também.

Portanto, muita paciência aos trabalhistas; muita paciência à nossa coligação e que nós possamos chegar a um candidato que possa derrotar e tirar de vez esses do PT, esses Tarso e Olívio, que são tudo a mesma coisa. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): O Ver. Paulo Brum está com a palavra em Comunicações, por cedência de tempo da Ver.ª Clênia Maranhão.

 

O SR. PAULO BRUM: Caro amigo, Ver. Aldacir Oliboni, saúdo V. Ex.ª, seja bem-vindo à direção desta Casa, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, queremos comunicar o recebimento de ofício do Diretor Executivo do Fundo Nacional da Saúde, do Ministério da Saúde, comunicando a liberação de recursos financeiros para o Município de Porto Alegre no valor de 452 mil, 640 reais e 46 centavos, para a área da saúde. Também queremos comunicar o recebimento de outro ofício, da Secretária Executiva do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, FNDE, comunicando a liberação de recursos financeiros para o Município de Porto Alegre no valor de 180 mil, 613 reais para o Programa Nacional de Alimentação Escolar. Portanto isso aqui é realidade, isso aqui é verdade.

É tudo mentiroso, Ver. Cassiá Carpes. Agora o ex-Prefeito Tarso Genro acrescenta mais um símbolo: o Pinóquio. O PT e Tarso são a mesma coisa. Agora o candidato à Presidente da República, Lula, diz que todos os programas sociais do Governo Fernando Henrique Cardoso são do PT, como o bolsa-escola, o bolsa-alimentação, tudo isso que está sendo feito em prol da inclusão das pessoas mais carentes do nosso País é do PT, tudo é do PT. É uma beleza! Deixem como está, então. Se é o programa do PT, por que trocar? Vamos deixar a coisa como está, porque está andando muito bem.

Por outro lado, Sr. Presidente, eu estive, em representação desta Casa, visitando a Associação das Pessoas Portadoras de Deficiências Físicas de Sant’Ana do Livramento, a ASANDEF, que, no dia 10 de abril, completou 13 anos de trabalhos prestados à comunidade daquela cidade. Deixo registrada uma saudação a sua Presidenta, a Sr.ª Cilna Lampert, que é uma paraplégica, professora, administradora de empresa e que está lá carregando a bandeira daqueles que mais necessitam, fazendo exatamente a parte que os governos não estão fazendo, em especial o nosso Governo do Estado, que, desde que assumiu esse mandato, nada fez em prol da inclusão social das pessoas portadoras de deficiências. Tanto é que, lá em Sant’Ana do Livramento, há quase quatro anos, desde que assumiu o Governo do PT, eles não receberam nada, sequer uma cadeira de rodas. Lá nós ficamos sabendo que diversos cidadãos estão em cima de uma cama se atrofiando porque não possuem uma cadeira de rodas para se locomover. Isso é um absurdo, já que esse Partido prega tão bem na mídia a plena inclusão social, mas está deixando cidadãos em cima de uma cama, por falta de uma cadeira de rodas, mais uma vez não cumprindo exatamente a sua assinatura.

Por isso eu digo, Ver. Pedro Américo Leal, que é um Partido mentiroso e desleal, porque não cumpre nem a assinatura de um convênio com o Grupo Conceição para que fosse atendida, exatamente, a demanda dessas pessoas que necessitam, que é aquele cidadão que está em cima de uma cama, que mora lá nas grotas do nosso Rio Grande, que mora lá naqueles lugares longínquos, na periferia e que não tem 200, 300 reais para comprar uma cadeira de rodas. Foi isso que nós visualizamos lá em Sant’Ana do Livramento, numa demonstração de que as coisas não são bem colocadas. Na mídia, é uma beleza, estão fazendo maravilhas por este Rio Grande! Só que, na prática, nós não estamos visualizando nada.

Queremos saudar também o Presidente da Câmara Municipal de Sant’Ana do Livramento, Ver. Paulo Costa. Nós estivemos lá na Câmara e também constatamos que, no nosso interior, as informações, e até mesmo as determinações das leis que garantem a integração das pessoas com deficiência não estão sendo reconhecidas. A Câmara Municipal de Sant’Ana do Livramento, exatamente como era a nossa Câmara, quando aqui assumi, em 95, também não tinha acesso, não tinha elevador, não nos possibilitava uma integração junto ao próprio Plenário. E hoje a nossa Câmara é um exemplo para o País. Em Livramento, eu tive de ser carregado nas escadas da Câmara Municipal, porque essa não tem elevador, não tem acesso, não tem rampa, não tem nada. Mas, na nossa manifestação, lá, deixamos claro e tivemos, na noite da Sessão Solene em homenagem aos 13 anos da ASANDEF, o comprometimento da Mesa Diretora da Câmara Municipal de Livramento, na Presidência do Ver. Paulo Costa, de que neste ano ainda a Câmara Municipal vai ter acesso garantido às pessoas com deficiência física. Vai ser instalado lá um elevador.

Portanto, Sr. Presidente, dentro da minha pequena colaboração, eu penso que estou buscando, sim, fazer o que os nossos governantes não estão fazendo, que é exatamente propiciar a plena integração social, a inclusão social tão decantada por esse Partido que gosta muito de dizer que faz, mas não faz e que, de cometa, agora está virando Pinóquio. A semelhança do Tarso com o Olívio não é só o bigode. É que o Tarso, agora, parece que começou a encompridar também o seu nariz. É o Partido Pinóquio, Partido da mentira! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): Este Vereador registra, Ver. Fernando Záchia, que é muito difícil, ao presidir os trabalhos, ser imparcial, porque ao ouvir, às vezes, dá vontade de fazer o registro. Mas isto faz parte da democracia.

O Ver. Dr. Goulart está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. DR. GOULART: Sr. Presidente e Vice-Presidente da Comissão de Saúde desta Casa, Ver. Aldacir Oliboni, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, é interessante como os homens interpretam os encaminhamentos sociais e as leis. É bem verdade que o Sistema Único de Saúde, que o Sistema Nacional de Saúde, muito bem planejado no papel, tem de se firmar ainda como uma resolução por determinação constitucional de 1988, mas o Sistema Único de Saúde só pode se livrar desses sistemas paralelos de saúde no dia em que for real, verdadeiro e resolutivo, sob pena de acontecer o que acontece com as pessoas que vão ao cirurgião-vascular e que têm suas pernas amputadas na primeira consulta. O cirurgião-vascular examina o cliente e diz que o caso é de amputação de perna.

Venho dizendo isso faz tempo, e autoridade alguma telefona para saber, para se informar. Está tudo muito bem no reino da saúde em Porto Alegre! Por que digo isso? Porque, de repente, existe a idéia de que tem de se fechar o Hospital Municipal, esse pequeno hospital, mas grande na sua função, dos municipários. Daqui a pouco se diz que tem de se desmantelar o serviço médico escolar em nível estadual e jogar os médicos, que estão atendendo os educandos, no SUS, nos postinhos do SUS. Até aí nada, mas que os alunos têm de procurar o SUS. Aí começa o grande desatino dos planejadores e dos pensadores. Só poderiam jogar os alunos da rede pública para o postinho do SUS, se tivesse uma consulta amanhã, ah, se pudesse ser depois de amanhã ou se tivesse uma consulta até para a semana que vem, mas uma consulta para daqui a um ano, para daqui dois anos! Para que tirar os médicos do Estado, para que desmantelar o serviço de atenção à saúde do educando? Só se tivesse SUS resolutivo isso poderia ser feito. E por que estou dizendo tudo isso? Porque ontem tive a grata satisfação, como Presidente da Comissão de Saúde, de visitar o Hospital Geral de Porto Alegre. Sabem quem é o Hospital Geral de Porto Alegre? Vocês sabem quem é Hospital Geral de Porto Alegre? É o Hospital Militar, é o Hospital do Exército. E, que engraçado, ainda há pouco, nós todos da esquerda, da centro-esquerda lutávamos contra o Exército, que, como aconteceu esta madrugada passada, na América do Sul, tomou conta do Governo. Claro que naquela época eu achava que estava errado, porque João Goulart tinha uma proposta maravilhosa, diferente desta bagunça que está acontecendo agora na América do Sul. Mas agora venho falar do Hospital Militar de Porto Alegre, que é serviço público e que é exemplo de serviço público. A Comissão de Saúde, com Pedro Américo Leal, Aldacir Oliboni e Ervino Besson, teve a grata satisfação de percorrer as enfermarias, de percorrer os laboratórios, de percorrer os ambulatórios, de percorrer a emergência, que trabalha durante 24 horas e que funciona com três cirurgiões de plantão, e aí nos deu a sensação de que o serviço público bem organizado funciona e tem que funcionar, e temos que lutar pelo bom funcionamento do serviço público. E eu venho dizendo desde o primeiro dia que falo nesta tribuna: por que o SUS tem de ser ruim ? Só por que é público? E alguma mídia me interpretou mal e disse: “O Dr. Goulart disse que o serviço médico é ruim porque é público.” Não! Foi ao contrário, eu disse que o serviço do SUS tem de ser bom porque é público. É isso que eu tenho de dizer, os planejadores têm de valorizar os recursos humanos sagrados, maravilhosos que lá existem, dos médicos, dos enfermeiros, auxiliares de enfermagem, técnicos de enfermagem. O Hospital Militar de Porto Alegre é público e trata o seu público muito bem. E eu, passados muitos anos, venho aqui dizer que nos espelhemos nos militares para cuidar das coisas da saúde, com quem ainda há pouco brigávamos, com quem ainda pouco lutávamos, com quem ainda há pouco nos digladiávamos. Que engraçado eu ter de vir dizer isso tanto tempo depois.

Ver. Estilac Xavier, seja meu parceiro na saúde, junto com o Ver. Aldacir Oliboni. A saúde precisa do encaminhamento. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): O Ver. Elói Guimarães está com a palavra em Comunicações. Ausente. O Ver. João Antonio Dib está com a palavra em Comunicações, por cessão de tempo do Ver. Antonio Hohlfeldt.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, tenho em mãos um livro que diz O Poder do Vereador. E o livro O Poder do Vereador tem um capítulo que diz “poder/dever de fiscalizar”. Portanto, na vida tudo é simples, é só fazer o que está escrito. Só que, às vezes, somos dificultados por aqueles que têm a responsabilidade de nos auxiliar a praticar o poder/dever de fiscalizar. Diz aqui que “no exercício do seu mandato, o Vereador terá livre acesso às repartições públicas municipais, podendo diligenciar pessoalmente, junto aos órgãos da administração direta e indireta, inclusive junto ao Tribunal de Contas do Município, devendo ser atendido pelos respectivos responsáveis, na forma da lei.”

O Prefeito saiu, o Prefeito Tarso Fernando partiu. Deixou muito dinheiro na Prefeitura, isso é verdade. Dia 31 de dezembro a Prefeitura tinha quase 200 milhões de reais, sendo que, destes, 125 milhões aplicados no sistema financeiro, enquanto faltavam remédios para os hipertensos e para os psicóticos. Remédios que são muito baratos e que a Secretária Substituta da Saúde dizia: “Mas é normal faltarem os remédios.” Na casa dela não devem faltar.

Mas tenho, no meu poder/dever de fiscalizar, tentado fiscalizar a Prefeitura, e vejo coisas absurdas, aquelas que o Diário Oficial me fornece e que leio com muita atenção. Em primeiro lugar, quero reclamar para a Bancada do Partido dos Trabalhadores que eu gostaria de ver o demonstrativo da disponibilidade bancária da Prefeitura no dia 28 de fevereiro; isso já deveria ter sido publicado: Lei de Responsabilidade Fiscal. Já estamos quase no dia 30 de abril, e nesse dia tem de publicar outra vez. Eu quero saber onde está o dinheiro do povo, e não querem me dizer.

Eu olho a execução orçamentária e vejo aqui: Imposto de Renda na Fonte. No ano passado a Prefeitura previa uma arrecadação de 24 milhões e 270 mil reais. Passou este ano a prever 40 milhões de reais, o que é justo. No mês de novembro do ano passado foram arrecadados 3 milhões e 700 mil reais de Imposto de Renda na Fonte; este ano, em janeiro e fevereiro, somando os dois, nós chegamos a 2 milhões e 140 mil. Onde está o dinheiro do Imposto de Renda arrecadado na Fonte? Ele tem de ser mostrado aqui! Eu não posso entender; no Fundo de Participação dos Municípios, no ano passado, estavam previstos 27 milhões de reais, mas estava incluído o FUNDEF; este ano está separado, então eles pretendem arrecadar, segundo eles, 22 milhões e 950 mil.

 

O Sr. Estilac Xavier: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) V. Ex.ª faz uma exposição sobre o poder/dever de fiscalizar. Eu queria fazer duas anotações sobre a sua intervenção: a primeira é que esse poder/dever de fiscalizar, que está na Lei Orgânica do Município e na Constituição Federal, não permite aos Vereadores que eles invadam o próprio municipal como ocorreu no dia 4 de abril, inclusive com membros desta Casa. Em segundo lugar, V. Ex.ª faz uma coletânea de relatórios e números que estão à disposição. Da forma como V. Ex.ª está colocando, parece que a Prefeitura não tem esses recursos registrados ou que eles estão escondidos. Eu quero alertá-lo no sentido de que esses números estão disponíveis, sim, e V. Ex.ª sabe disso.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Nobre Vereador, V. Ex.ª está completamente equivocado, pela primeira vez. Em primeiro lugar, eu até diria que sobre o poder e o dever, eu deixaria só no dever de fiscalizar; em segundo lugar, a Lei Orgânica do Município diz que o Vereador tem acesso a todas as dependências do Município, e deve-lhe ser servido cafezinho e chimarrão, se tiver.

Em terceiro lugar, os dados são falsos quando são apresentados aqui, porque é uma questão de bom senso: não se pode, num mês, o de janeiro, arrecadar Imposto de Renda na Fonte de 270 mil reais. Pelo amor de Deus! Se no mês de novembro do ano passado - não contei dezembro - se arrecadaram quase 4 bilhões, agora, vai a 270 mil? Não, isso é brincadeira!

O Fundo de Participação dos Municípios ficou em 22.950. Em dois meses arrecadaram quase 10 milhões. Será que o Orçamento foi sério ou foi uma peça de ficção?

A Lei Kandir, a previsão de 8 milhões, posso assegurar, pelos dados da própria Prefeitura, que vai dar 12; depois colocam o dinheiro no sistema financeiro aplicado a 1%, enquanto não dão remédios para os necessitados. E a Secretária Substituta da Saúde diz que é normal não ter o remédio. Normal é quando não tem dinheiro, mas quando o dinheiro está sobrando e aplicado no sistema financeiro, é colocar a vida abaixo dos reais.

Sr. Presidente, quero agradecer a V. Ex.ª pela tolerância, realmente nós nos entusiasmamos quando falamos no dever de fiscalizar e podemos ultrapassar o tempo. Saúde e paz!

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): Queremos registrar a visita orientada da Escola São Luiz, 3.ª série, com a presença de vinte e cinco alunos, em especial da Juliana Amorim Carpes, filha do Ver. Cassiá Carpes, e das professoras Denise Hartz Laranjeira e Maria Elizabeth Guimarães do Carmo, trazidas pela Zagotur Turismo, Sr. José Zago, Diretor, e Sr.ª Maria Amélia Braga, guia. Esta atividade faz parte do projeto de educação política que o Memorial da Câmara desenvolve junto a escolas e entidades da Capital e da Grande Porto Alegre.

A Ver.ª Maristela Maffei está com a palavra em Tempo Especial, conforme art. 94, alínea g, do Regimento, que diz o seguinte: “Tempo Especial de no máximo 10 minutos para relato de viagens ou participação de eventos especiais representando a Câmara de Porto Alegre”.

 

A SRA. MARISTELA MAFFEI: Sr. Presidente em exercício, Ver. Aldacir Oliboni, senhoras e senhores, visitantes desta Casa, sejam bem-vindos, Sr.as Vereadoras, Srs. Vereadores, senhoras e senhores que nos assistem pelo Canal 16, provavelmente, não ocuparei os dez minutos, mas acho que é um tema de suma importância para toda a humanidade que assiste, aterrorizada, aos episódios internacionais em relação ao povo palestino.

Estive em representação desta Casa em uma caminhada pela paz por essa comunidade, onde o povo clama pela paz, pela justiça e pela formação de seu Estado.

Eu tenho aqui em mãos uma foto que, mais do que palavras, retrata a realidade que esse povo vivencia. (Mostra fotografia.)

Quero deixar claro às senhoras e senhores que há morte como esta, em qualquer parte do mundo, seja qual for a etnia, seja qual for o Estado, sempre, com certeza, trará desta Vereadora, desta Casa e, com certeza, de qualquer ser humano que luta pela democracia, pela liberdade dos povos, a solidariedade necessária e o repúdio necessário ao terror que a humanidade possa vivenciar quando atos como este acontecem.

Nós temos hoje, na Palestina, uma limpeza étnica acontecendo. Assim como o sofrimento do povo de Israel, quando acometido por Hitler, que perseguia os judeus, e quando aquele povo, nos campos de concentrações, sofria a morte nas câmaras de gás, quando Hitler fazia as experiências de furar um olho humano e colocar ali uma tinta azul para que pudesse pairar sobre a Terra uma raça ariana. Todos nós choramos. Assim como nós repudiamos o massacre de Stalin, assim como nós repudiamos o fascismo na Itália; assim como repudiamos as milhares de mortes que acontecem no dia-a-dia aqui no Brasil, pela fome, pela miséria, orquestrada pela burguesia internacional. Queremos também repudiar o que está acontecendo com o povo palestino, fruto, senhoras e senhores, de uma disputa econômica internacional, de uma política sionista, segregadora, racista, preconceituosa; de uma burguesia que comanda o mundo. Fruto, senhoras e senhores, de um comando internacional, dos meios de comunicações muito bem representados, inclusive nesse Estado, que não aceita tudo o que aconteceu com alguns segmentos, hoje fazem também com essa população. E se utilizam do seu poder, através de uma política orquestrada pelo Governo Bush, que está louco, senhoras e senhores, para apertar um botãozinho vermelho, mas que não precisa fazer isso diretamente, porque se utiliza de governos reacionários, assassinos, como Sharon em Israel, porque não é do seu povo que nós estamos falando, Ver. Haroldo de Souza: estamos falando de governos assassinos, orquestrados internacionalmente, que produzem a guerra, senhoras e senhores, para se manterem no poder; que produzem o terror para fazer com que os povos... E nós vimos esta semana, Ver. Paulo Brum, domingo de manhã, a juventude palestina e a juventude israelense caminhando, pedindo pela paz.

 

O Sr. Juarez Pinheiro: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Quero me solidarizar com a sua intervenção e dizer que essa pessoa que V. Ex.ª agora mencionou está sendo julgada pelo tribunal internacional pelo massacre de Sabra e Chatila. Parabéns pela coragem, Vereadora.

 

A SRA. MARISTELA MAFFEI: Obrigada, Ver. Juarez Pinheiro. O Ver. Paulo Brum, anti-regimentalmente diz: e o relatório, Vereadora? Senhoras e senhores, as notícias estão nos jornais. E quando nós representamos esta Casa fora, nós não estamos aqui fazendo um discurso em cima de qualquer demagogia a não ser dos fatos reais. E a disputa maior, orquestrada por Bush contra esse povo, usando Sharon, como Presidente de Israel, para massacrar, para fazer uma limpeza étnica, é uma disputa pela água e pelo petróleo, é uma disputa pelo subsolo dessa área, é uma disputa econômica pelo poder, sabendo-se que a água e o petróleo serão a forma maior de guerra entre os povos e também pela dominação. Basta ver, aqui no nosso País, a indicação de privatização da água pelo Governo Federal, para que, nos Estados Unidos, por não produzir a energia solar e ter o maior buraco de ozônio, pois lá a energia usada é o carvão, o que significa privatizar a água nos países tropicais como o nosso. Então, como eu dizia anteriormente sobre esse povo que clamava pela vida e pela formação do Estado palestino, que a morte brutal não se diferencia, absolutamente, em nenhum lugar do mundo. Uma das considerações que está no relatório que vou entregar a V. Ex.as é que constantemente a imprensa tem acusado o povo da Palestina pelos maus-tratos às mulheres – e é verdade. Contra isso nós lutamos; contra o fundamentalismo, que trucida as mulheres. Mas essa realidade não é diferente aqui no Brasil. Quero deixar claro que o Apóstolo Paulo foi o primeiro a dizer que a mulher deveria cobrir o rosto e que a mulher veio à Terra apenas para servir os homens. Esse, portanto, não é um pensamento criado dos fundamentalistas; é um pensamento anterior, inclusive pronunciado pelo Apóstolo Paulo. Nós abominamos, sim, essa luta contra as mulheres, mas não aceitamos a justificativa da imprensa, dizendo que devido à questão das atrocidades contra as mulheres, o povo palestino não pode formar o seu Estado.

Portanto, senhoras e senhores, como representação desta Casa, quero trazer aqui o relato do maior massacre ocorrido - uma ofensiva militar - nos últimos vinte anos contra o povo palestino, quando os militares israelenses estão de casa em casa nas principais cidades palestinas, como Rammallah, Nablus, Jenin, Tulkarem e Belém. Para nós, que somos cristãos, Belém foi totalmente ou praticamente destruída, com muitos padres e freiras mortos a sangue-frio, mortos pela atrocidade do ocorrido naquele país. Em suma, destruíram a infra-estrutura econômica, social e política dos palestinos, declarando as referidas cidades zonas militares fechadas depois da expulsão de jornalistas estrangeiros e palestinos. E nós, nesta Casa, que, com certeza, não aceitamos atrocidades em nenhum lugar, sobre nenhuma etnia, sobre nenhuma raça, estamos aqui repudiando veementemente a varredura étnica de um povo. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): Passamos à

 

PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

(05 oradores/05 minutos/com aparte)

 

1ª SESSÃO

 

PROC. 1221/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 056/02, de autoria da Ver.ª Clênia Maranhão, que institui o Programa de Educação Adicional para Afro-Descendentes de Baixa Renda.

 

PROC. 1229/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 061/02, de autoria do Ver. João Bosco Vaz, que denomina Rua Eva Vargas Soares um logradouro público cadastrado, localizado no Loteamento Nova Ipanema - II Etapa.

 

PROC. 1302/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 068/02, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que denomina Rua Carlos Wilson Schröder um logradouro público cadastrado, localizado no Loteamento Moradas da Hípica.

 

PROC. 1307/02 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 030/02, que revoga a Lei n.º 4.789, de 13 de outubro de 1980. (UNICOM)

 

2ª SESSÃO

 

PROC. 1068/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 037/02, de autoria do Ver. Aldacir Oliboni, que denomina Praça Padre Nebrídio Bolcato um logradouro público não-cadastrado, localizado no Bairro Partenon.

 

PROC. 1150/02 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO N.º 005/02, de autoria do Ver. Elói Guimarães, que inclui parágrafo único no art. 1º da Lei Complementar n.º 332, de 2 de dezembro de 1994, que determina a obrigatoriedade da colocação da numeração predial em local visível.

 

PROC. 1179/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 052/02, de autoria do Ver. Adeli Sell, que revoga a Lei n.º 6.944, de 26 de novembro de 1991, que isenta do pagamento do ISSQN as Cooperativas que se enquadrarem nos seus dispositivos.

 

PROC. 1212/02 - PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 062/02, de autoria do Ver. Paulo Brum, que altera a Resolução n.º 1.233, de 3 de maio de 1994, alterada pela Resolução n.º 1.345, de 26 de junho de 1997, que institui o Prêmio de Educação Thereza Noronha.

 

PROC. 1202/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 053/02, de autoria do Ver. Carlos Alberto Garcia, que autoriza a inclusão do evento Feira da Catedral no Calendário de Eventos Oficiais de Porto Alegre.

 

PROC. 1204/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 054/02, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que denomina Rua Dom Hélder Câmara um logradouro não-cadastrado, localizado no Bairro Rubem Berta.

 

PROC. 1235/02 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO N.º 002/02, que autoriza a implantação do Complexo Pista de Eventos no Porto Seco, modifica a Lei Complementar n.º 324/94 e dá outras providências.

 

PROC. 1238/02 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 024/02, que autoriza a venda de áreas de propriedade do Município de Porto Alegre, situadas no Parque Industrial da Restinga e revoga a Lei n.º 7524, de 19 de outubro de 1994.

 

PROC. 1239/02 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 025/02, que define Regime Urbanístico para a Vila Jardim Renascença, instituída como AEIS II pela Lei n.º 8.150/98 e dá outras providências.

 

PROC. 1275/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 066/02, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que denomina Rua Fúlvio Bastos um logradouro público cadastrado, localizado no Loteamento Moradas da Hípica.

 

PROC. 1214/02 - PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 063/02, de autoria do Ver. Paulo Brum, que altera a redação do § 2º do art. 1º da Resolução n.º 1.427, de 28 de setembro de 1999, alterada pela Resolução n.º 1.471, de 5 de junho de 2000. (outorga de troféu)

 

PROC. 1225/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 057/02, de autoria do Ver. João Bosco Vaz, que denomina Rua Eliza Tevah um logradouro cadastrado, localizado no Loteamento Nova Ipanema.

 

PROC. 1226/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 058/02, de autoria do Ver. João Bosco Vaz, que denomina Rua Azise Pedro Falcão um logradouro público cadastrado, localizado no Loteamento Nova Ipanema - II Etapa.

 

PROC. 1227/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 059/02, de autoria do Ver. João Bosco Vaz, que denomina Rua Rodolpho Espinoza um logradouro público cadastrado, localizado no Loteamento Nova Ipanema - II Etapa.

 

PROC. 1228/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 060/02, de autoria do Ver. João Bosco Vaz, que denomina Rua José Antonio Chaise (Tom) um logradouro público cadastrado, localizado no Loteamento Nova Ipanema - II Etapa.

 

3ª SESSÃO

 

PROC. 1127/02 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO N.º 004/02, de autoria do Ver. Luiz Braz, que define como Taxa o tributo cobrado pela prestação dos serviços de distribuição de água e captação de esgotos sanitários no Município.

 

PROC. 1236/02 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 022/02, que modifica as especificações da classe de cargos de provimento efetivo no Departamento Municipal de Água e Esgotos e dá outras providências.

 

PROC. 1237/02 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 023/02, que autoriza o Poder Executivo Municipal a contratar operação de crédito com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES, para financiamento do Projeto Centro - Reestruturação do Subsistema Circular Carris.

 

PROC. 1240/02 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 026/02, que cria o Fundo Monumenta Porto Alegre e dá outras providências.

 

PROC. 1253/02 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 028/02, que revoga a Lei n.º 4.863, de 18 de dezembro de 1980. (Clube de Patinadores Tangarás)

 

PROC. 1254/02 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 029/02, que revoga a Lei n.º 5.791, de 29 de outubro de 1986. (Grêmio Beneficente de Inativos da Brigada Militar)

 

O SR. FERNANDO ZÁCHIA (Questão de Ordem): Para termos um regramento, eu pergunto a V. Ex.ª, evidentemente respeitando a sua inexperiência na função, solicitando um esclarecimento da DL. A Ver.ª Maristela Maffei, que muito bem representou a Casa no evento, sem dúvida alguma, utilizou Tempo Especial. Eu pergunto se cabe somente em representações oficiais ou também tem de ser quando há viagens, porque temos representações aqui na Casa diariamente. Se nós abrirmos o precedente da concessão do Tempo Especial de 10 minutos a todas as representações - não estou querendo tirar o mérito da representação da Ver.ª Maristela Maffei, até concordo com ela -, o meu temor é que possamos ter um regramento daqui para frente. Se tivermos a utilização dos 10 minutos em todas as representações, qual será o crivo e o critério dessa determinação da utilização de tempo. Essa é a minha grande dúvida.

 

O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): Respondendo, quando a Ver.ª Maristela Maffei chegou à Mesa e solicitou Tempo Especial, este Vereador, na presidência dos trabalhos, consultou a Diretoria Legislativa para saber do direito que a Vereadora teria. A Diretoria Legislativa informou que o art. 94, alínea g, diz o seguinte: “Tempo Especial de no mínimo dez minutos para relato de viagens ou de participação em eventos especiais representando a Câmara Municipal.” Segundo a Vereadora foi um evento especial promovido em Porto Alegre; portanto ela teria o direito de dez minutos.

 

O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Não havia convite oficial - aí modificou. Inclusive este Vereador tinha a comunicação, e outros Vereadores também, de que haveria a realização, mas não a oficialização do convite para o evento.

 

O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): Nós consultaremos, nos próximos minutos, a Vereadora, porque a informação que chegou à Mesa é de que havia essa atividade especial em Porto Alegre.

 

O SR. MARCELO DANÉRIS: Sr. Ver. Aldacir Oliboni, na presidência dos trabalhos hoje pela manhã, a Ver.ª Maristela Maffei foi oficialmente representar esta Câmara. O seu relato engrandece a Casa e a informa sobre essas atividades, e isso em nada causa prejuízo para a Câmara dos Vereadores. Assim como, quando outros Vereadores forem fazer representações, esperamos estar informados sobre as atividades que representarem a Câmara como um todo, portanto os 33 Vereadores.

 

O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): O Ver. Adeli Sell está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. ADELI SELL: Ver. Aldacir Oliboni na presidência dos trabalhos, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, cidadãs e cidadãos de Porto Alegre, discuto um projeto, do qual inclusive vou solicitar a retirada de tramitação para fazer algumas adaptações. Como ele está em Pauta, obrigo-me a falar dele, porque eu sei que já causou polêmicas porque é um projeto que revoga uma lei existente no Município. O tema é bastante complexo porque, quando se trata de tributação, normalmente não se tem muitos interlocutores aqui nesta Casa, infelizmente, porque é um tema difícil. Normalmente temos muita interlocução, muito debate, muitas falas quando se trata de gastar o dinheiro público, porque existem necessidades em todos os cantos, e todos os dias surgem novas e novas demandas justas, e quando se pede para aplicar o dinheiro público em alguma questão, normalmente, é um assunto meritório, mas o dinheiro, Ver. Pedro Américo Leal, não cai do céu, é o contribuinte que tira do seu bolso e paga os tributos no Município de Porto Alegre. Nós temos difíceis debates sobre essa questão na Comissão de Economia Finanças e Orçamento inclusive com informações completamente conturbadas, distorcidas para a opinião pública, como se nós não cobrássemos tributos de banqueiros, o que não é verdade. Há uma disputa sobre a tributação de um setor, de poucas empresas da área da corretagem. O que eu quero é exatamente entrar no debate da justiça fiscal, da isonomia tributária. Tinha sentido, na época, talvez, quando se criou a isenção para cooperativas pequenas, dentro de determinados critérios, mas hoje, com o avanço das “gatoperativas”, das falsas cooperativas, de empresários que deixam de lado as suas empresas e montam cooperativas, como tenho vários exemplos comprovados aqui em Porto Alegre, não tem sentido em uma concorrência, como aconteceu recentemente. E nós discutimos isso na Comissão de Economia Finanças e Orçamento, de forma transparente. Inclusive os funcionários da Prefeitura que são técnicos, especialistas nessa área, nos expuseram com o coração aberto as suas dificuldades nas licitações, quando, por exemplo, empresas do outro lado da ponte apresentam ISS zero ou essas cooperativas que apresentam ISS zero, mesmo não sendo daqui.

Então, nós estamos tentando revogar essa Lei, queremos fazer algumas adaptações inclusive nas explicitações para ficar muito mais claro o que nós queremos com essa legislação. Nós queremos enfrentar o debate de forma muito clara, porque, às vezes, uma cooperativa engana os seus associados. Os cooperativados vão a uma cooperativa achando que são funcionários, que vão ter 13.º, que haverá inclusive licença-maternidade, e nada disso existe em uma cooperativa, porque isso é como se fosse uma empresa. Isso causa enormes transtornos para essas pessoas. Essas cooperativas participam de muitas licitações e ganham muitas licitações inclusive públicas e cumprem a Lei n.º 8.666, que é a Lei das Licitações, e causam enormes transtornos.

 

O Sr. Luiz Braz: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Adeli Sell, quero cumprimentar V. Ex.ª pelo Projeto e pela sua fala na tribuna, mas eu também quero observar o seguinte, eu acredito que V. Ex.ª está na contramão daquilo que entende o seu Partido, o seu Partido parece que tem um entendimento contrário do de V. Ex.ª, mas eu cumprimento V. Ex.ª, porque eu também penso igual.

 

O SR. ADELI SELL: V. Ex.ª não se preocupe porque o meu Partido trabalha pela isonomia tributária, e sempre me apoiou nas minhas investidas na área tributária na cidade de Porto Alegre, porque o Ver. João Antonio Dib sabe muito bem, me acompanha todo este período na Comissão de Economia e sabe que eu sou um lutador para que aqueles que não pagam o ISSQN na Cidade, paguem, e aqueles que pagam demais paguem menos. Inclusive nós estamos discutindo há muito tempo a questão da tributação, por exemplo, na área da informática que tem uma proposição, inclusive de modificação na legislação e eu sempre acompanhei a idéia de que é preciso modificar a lei, eu vou trabalhar arduamente, pesadamente, militantemente pela isonomia tributária nesta Cidade. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): Agradecemos ao Ver. Adeli Sell. O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para discutir a Pauta. Passo a presidência dos trabalhos para o nobre Ver. Paulo Brum.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu penso que algumas vezes que eu chego a esta tribuna os meus ilustres e ilustrados colegas, dizem: “Lá vem o chato do Dib dizendo de novo a mesma coisa:” Lei deve ser clara, precisa, concisa e respeitada. Chega de leis. Vamos fazer uma análise. Hoje nós temos vinte e cinco Projetos na Pauta; seis vetos para serem examinados, e na Ordem do Dia oitenta e sete. Claro que não vamos entrar na Ordem do Dia para discutir os oitenta e sete projetos. Não sei quando...

Mas vejam, V. Ex.as, o nobre Ver. Elói Guimarães pretende alterar a Lei Complementar n.º 332, de 02-12-94, que determina a obrigatoriedade da colocação da numeração predial em local visível. Eu diria que a lei foi clara, precisa e até concisa, só que, pelo jeito, a Prefeitura não regulamentou. Então, existe uma lei que diz que “A numeração deverá apresentar os seguintes requisitos: nitidez, local iluminado, tamanho suficiente para atender o expresso no art. 1.º desta lei.” Mas a Prefeitura, penso, não tem regulamentado. Agora, o Presidente da Comissão de Finanças, Ver. Elói Guimarães, então, propõe uma alteração dessa lei, e, claro, se ele fosse engenheiro acho que ele não faria a redação que fez; ele propõe que a numeração predial contenha as dimensões mínimas de 11cm de altura por 7cm de largura. Se a lei tivesse sido regulamentada não cometeria essa heresia. Eu perguntei, na segunda-feira, para uma Vereadora qual era o número da sua residência e ela disse: “1.067”. Ora, o que está escrito aqui? “A numeração predial conterá as dimensões mínimas de 11cm de altura por 7cm de largura.” Quer dizer, seria uma placa de 11 por 7, contendo o número 1.067. Mas poderia ser 10.289, na Av. Protásio Alves ou na Av. Assis Brasil. Então, na verdade o Vereador queria dizer que os algarismos que compõem a numeração predial deveriam ter 7cm por 11cm. Mas isso se a Prefeitura tivesse regulamentado e aplicado; estaria atendendo a um anseio muito grande de toda a população porto-alegrense. Nós queremos ver os números dos prédios e durante o dia é difícil; de noite, muito pior. Então, a lei não foi regulamentada.

O Prefeito Tarso Genro mais uma vez revoga a declaração de utilidade pública de uma entidade UNICOM, alegando que não foram mandados os relatórios, não foi dito que a entidade, os seus diretores não percebem remuneração. Ora, é muito difícil entender que uma entidade de utilidade pública, dessas que fazem algumas coisas em benefício da coletividade, tenha a organização que a Prefeitura tem! Não mandou em um ano, manda chamar, não tem problema nenhum! Agora, ao mesmo tempo em que ele retira de alguns a decretação de utilidade pública, ele dá para outros. Curiosamente, na outra eleição, foi a mesma coisa. Muitas entidades receberam decreto de utilidade pública, então, fico entendendo pouco.

Agora, o Ver. Paulo Brum quer alterar, está presidindo os trabalhos neste momento, duas resoluções da Casa: uma, o Prêmio Teresa Noronha e outra a de Honra ao Mérito. Eu acho que quanto mais restrito, melhor; ele quer abrir. Quando nós podíamos dar, aqui, na Casa o Título de Cidadão Emérito ou Honorário de Porto Alegre vi coisas assombrosas. Eu vi, no mesmo dia, darem três Títulos de Cidadão Emérito para três irmãos. Todos mereciam, sem dúvida nenhuma, não estou nem contestando, mas não é tão fácil assim. Eu levei 23 anos nesta Casa para propor o primeiro Título de Cidadão de Porto Alegre. Então, acho que devemos cuidar um pouco mais de valorizar aquilo que temos, já que temos setenta prêmios. Então, eu gostaria de continuar, mas lamentavelmente, eu queria fazer uma crítica até um pouco contundente sobre o distrito industrial da Restinga e já teve tantos outdoors que eu pensei que já funcionava. Saúde e paz!

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): A Ver.ª Maria Celeste está com a palavra para discutir a Pauta.

 

A SRA. MARIA CELESTE: Sr. Presidente em exercício, Ver. Paulo Brum, Srs. Vereadores, Sr.as Vereadoras, o Projeto que venho discutir, hoje, é o Projeto de Lei Complementar do Executivo que autoriza a implantação do complexo pista de eventos no Porto Seco, modificando a Lei Complementar n.º 324/94 e dá outras providências. Quero trazer, como reflexão de Pauta, uma questão que esta Casa tem como preocupação com relação à pista de eventos desde 1994 quando criou-se a primeira Comissão Especial frente a esse assunto, da qual o Ver. Luiz Braz era o relator da Comissão da pista de eventos, a partir daí iniciou-se nessa Casa uma discussão forte, profunda sobre a questão da pista de eventos.

No ano de 2001 nós tivemos sob a Presidência do Ver. Dr. Goulart, também a criação de uma Comissão Especial, tratando desse problema. Um problema sério, grave para a cidade de Porto Alegre, que é a pista de eventos.

Esta Comissão tirou como prioridade alguns requisitos para a localização, para determinar os locais. Desses locais foram apontados no seu relatório dez locais. Entre esses dez locais estava o Porto Seco. Foram feitas várias reuniões, com várias participações do Executivo, das comunidades e apontaram três locais, sendo o primeiro deles o Humaitá Navegantes. Diante das articulações das comunidades, nós, inclusive, recebemos aqui nesta Casa, a comunidade do Humaitá, pessoas que queriam, comunidades que queriam a pista de evento, outras que não desejavam.

E eu quero aqui lembrar que a questão do Humaitá chegou, inclusive, para os Conselheiros do Conselho do Plano Diretor de onde partiu a decisão final para essa localização, um relatório, e pasmem, havia nesse relatório palavras como: Não queremos a referida obra, porque o nosso bairro é basicamente residencial, tranqüilo, aprazível de morar e queremos que continue assim. Lamentamos esta posição, mas quero dizer que não é só uma posição do Bairro Humaitá, todos nós temos a preocupação com a pista de eventos, a necessidade de ter um equipamento que não seja só um equipamento usado para o carnaval, mas nós não o queremos perto de nossas casas. E quando uma comunidade se organiza como a Restinga, como o Porto Seco e que foram à luta dizendo, nós queremos a pista de eventos na nossa comunidade, parece que outros não querem.

Então, é um assunto bastante complexo, é um assunto bastante difícil de resolver.

Quero dizer aqui que o único empecilho, levantado numa outra discussão de Pauta, seria a localização. Alguns Vereadores alegaram que a Zona Norte, o Porto Seco é muito longe.

Eu quero lembrar que nós estamos a 20 minutos do Centro, pela free way, e dizer também que aquela é uma região central para o carnaval da Região Metropolitana; tem um acesso muito rápido para Alvorada, Cachoeirinha, Gravataí, Canos e Esteio. É também uma região de entrada da Cidade, não é no Centro da Cidade, mas fica no coração da Grande Metropolitana.

E quanto ao acesso, creio que temos que pensar melhor sobre isso, conhecer talvez melhor a região.

Quero finalizar trazendo aqui o que disse o Relator - Ver. José Fortunati - da Comissão Especial, sobre a pista de eventos: (Lê.) “É necessário um esforço de todos aqueles que objetivam de fato a construção da pista de eventos, para que questões meramente políticas e de interesses privados de grupos de toda a ordem não venham a obstruir a possibilidade real da construção desse importante equipamento”. Cabe a nós, Vereadores e Vereadoras desta Casa, estar sensíveis ao apelo do Executivo e da comunidade. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Ervino Besson está com a palavra para discutir a Pauta. Desiste. O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Presidente em exercício, Ver. Paulo Brum, Srs. Vereadores e Sr.as Vereadora; senhores e senhoras, quero voltar, inicialmente, à discussão trazida a esta Casa pelo Ver. Luiz Braz – Ver. João Antonio Dib – que se refere à questão de diferenciação entre preço público e taxa, onde ele coloca essa matéria, relativamente, aquilo que é cobrado da população pelo serviço de água e esgoto.

O Ver. Luiz Braz levantou a questão meramente sob o aspecto formal, com a preocupação de que a população não tivesse aumento seguido, realinhamento de preços nos serviços de água e esgotos.

Parece-me que é essa a preocupação. Creio que a matéria é bem mais complexa do que isso e pode ser vista por outros ângulos. Por exemplo, Ver. Luiz Braz, a cada real que se gasta em investimento com água, com o saneamento - e o Ver. João Antonio Dib já foi Diretor do DMAE - em 10 anos, aquele real passa a valer 50 reais. Hoje, 70% das moléstias provêm da falta de saneamento básico - 70% -, eu não estou super valorizando, esse dado é científico. Eu gostaria de ver essa preocupação do Vereador, que pertence ao Partido da Frente Liberal,... eu não sei se ele está no Governo Federal ou não, é uma confusão, um dia está, outro dia não está, eu não sei se ele defende a candidatura da Roseana, por exemplo.

 

O Sr. Luiz Braz: V. Ex.ª permite um aparte?

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Vou conceder um aparte, com muito honra, Vereador, espero que não seja muito longo, mas quero expressar algumas questões. Por exemplo, V. Ex.ª jamais viria aqui expressar, não pode alegar que é Vereador apenas, a questão do Imposto de Renda na Fonte, que foi aumentado à população quando houve a crise asiática. O Governo que V. Ex.ª defende hoje, no Partido da Frente Liberal, dizia que era momentâneo, apenas para reforçar a Balança de Pagamentos, para que o Brasil não entrasse num colapso econômico e depois nunca mais tirou. Ver. Luiz Braz, os Municípios arrecadam e não ficam com mais do que 15% ou 16% do bolo tributário nacional. Sessenta e pouco por cento do bolo tributário que a população paga são de impostos e talvez taxas vinculadas à União, ao Governo Federal e que não tem a mínima sensibilidade e que pega esses recursos e gasta 50% no pagamento de juros ou serviço da dívida. Eu nunca vi essa veemência de V. Ex.ª nessa crítica, porque não é no pagamento de água... Porto Alegre tem uma das menores tarifas de água em relação às grandes cidades deste País e um dos melhores serviços de abastecimento de água. Portanto, V. Ex.ª precisa verificar essa questão. A iniciativa sob o ponto de vista jurídico tem até base para discussão, V. Ex.ª trouxe com correção a esse debate, querendo fazer com que a remuneração de serviços seja por meio de taxa e não de preço público, isso talvez esteja indo de encontro, ou seja, contra os interesses da maioria da população. Com muita honra, concedo-lhe aparte.

 

O Sr. Luiz Braz: Ver. Juarez Pinheiro, com relação à provocação, a Governadora Roseana talvez seja o Diógenes do Partido de V. Ex.ª. Quero dizer que o art. 145, inciso II, da Constituição - e sei que V. Ex.ª é um homem zeloso pelas leis e sabe que vivemos, ainda, num estado de direito - faz com que tenhamos que fazer essa alteração na nossa legislação.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: V. Ex.ª já se pronunciou sobre esse assunto em outros momentos. Apresento um outro debate, Vereador. O debate que trago é de mérito sobre a sua iniciativa: se ela vem ao encontro do interesse da população ou vem de encontro, ou seja, apresenta um efeito contrário. Agora, quero dizer que a CPI, que V. Ex.ª referenciou, foi arquivada em nível federal e estadual.

 

O Sr. Luiz Braz: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Esse debate de mérito, com relação a água, é bom, e vamos evitar que os aumentos sejam de surpresa, como foi o último aumento de 18% para o contribuinte. É isso que gostaria de evitar.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Para concluir - e o Ver. Luiz Braz ocupou 1/3 do meu tempo e honrou o debate que gostaria de fazer - do ponto de vista de mérito, Ver. Luiz Braz, V. Ex.ª está estudando meramente sob o ponto de vista jurídico e da conceituação de taxa e de tributo. V. Ex.ª deveria rever sua posição, porque acho que sua iniciativa, juridicamente, tem uma boa base, mas, sob o ponto de vista do interesse da população, vem em sentido contrário. É minha posição sobre o mérito e está expressada para debate. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra para discutir a Pauta. Ausente. O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra para discutir a Pauta. Desiste. A Ver.ª Sofia Cavedon está com a palavra para discutir a Pauta.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, permito-me discordar do Ver. João Antonio Dib na questão da Pauta e sobre o seu número de Projetos. Os Projetos demonstram o esforço dos Vereadores desta Casa em pautar proposições e contribuições para a Cidade. Por mais que tenhamos Projetos, às vezes duvidosos, dúbios, acho que sim, é nossa tarefa nos aprofundarmos sobre eles; ver da sua legalidade, da sua precisão. Eu também sou contrária a projetos autorizativos, que a gente dá lá uma sugestão, o Prefeito faz se quer ou se não quer, e se cria um constrangimento político, na verdade. E mais, cada vez que esta Casa aprova projetos autorizativos, principalmente os relativos a obras - “Ah, o Governo poderia fazer tal obra” – esta Casa está desconhecendo um processo consagrado na Cidade há 14 anos. Este é o 14.º ano do Orçamento Participativo. Não é um mês, não são dois anos, não é uma experiência piloto numa região; são 14 anos em que esta Cidade construiu uma outra lógica para gastar o recurso público, para definir as obras da Cidade.

Então, eu acho que temos de fazer o debate aqui dentro, não tiro o direito da iniciativa dos Vereadores, mas temos de constituir um debate que respeite essa conquista da Cidade, essa cultura nova que a Cidade exporta para o mundo inteiro, de que não é a caneta, não são os gabinetes, nem só nós, os Vereadores, que definimos o uso da verba pública. Aqui em Porto Alegre a população tem um espaço privilegiado direto de participação.

No caso da pista de eventos é uma das situações em que a comunidade vem-se mobilizando há alguns longos anos. E se mobilizando nos dois sentidos. Há os que querem, precisam, dão valor, têm uma luta constante por um lugar para a expressão da cultura popular, e há as comunidades também que se mobilizam e dizem: “Não, aqui perto da minha casa eu não quero tanto barulho, tanta confluência, vai interferir na nossa vida, na nossa forma de viver a Cidade.” Nós estamos buscando uma síntese, um consenso, um salto de qualidade, que me parece que a Cidade está muito perto de conseguir. Nós já vivemos os momentos mais difíceis possíveis. Esta Câmara não se omitiu, isto é importante - a Ver.ª Maria Celeste aqui recuperava -; fez comissões, tem participado ativamente, mas agora nós estamos aqui, desafiados a perceber que, pela primeira vez, nós fazemos um equilíbrio entre o que é a necessidade das comunidades carnavalescas e o acolhimento da comunidade em determinada região. Pela primeira vez, nós nos aproximamos de um consenso, de um acordo entre a comunidade em geral e os carnavalescos, a comunidade cultural.

Então, queria que a Câmara tivesse essa sensibilidade neste momento, por mais que seja legítimo fazer as críticas que quiserem fazer do processo, mas percebam que estamos chegando a um momento bem interessante, bem importante, é uma síntese que a Cidade levou anos para fazer. Vejam que a Câmara já indicava que ali no Porto Seco era possível se fazer uma pista. Acho que muda a idéia da centralidade, que nós perseguimos por muito tempo, que tinha de ser central, que não podíamos marginalizar mais ainda essa cultura, ao tirá-la do Centro da Cidade, dificultando para que as comunidades, inclusive, pudessem chegar até a pista.

Hoje, tivemos que construir. Faz parte desta síntese construir uma nova centralidade, uma alternativa que é a centralidade para a Região Metropolitana. Já temos a participação de Viamão no carnaval de Porto Alegre, as outras cidades que têm escolas de samba e que não conseguem fazer um evento como o nosso, em tamanho, em representatividade, estão com muita expectativa em relação a esse novo espaço.

Parece-me que Porto Alegre ganha nessa integração metropolitana, ganha estendendo mais essa mão, como já faz na questão do meio ambiente, como já faz em outras questões importantes. A Cidade não está isolada, não é uma ilha.

O Projeto que está aqui, do Executivo, é simples. Apenas temos que permitir que lá no Porto Seco possa-se construir pista de eventos, porque é uma área que não está criada com esta destinação.

Por fim, quero dizer que precisamos acelerar a avaliação, a votação desse Projeto, para não prejudicarmos, mais uma vez, a questão da pista, que é um anseio da cidade de Porto Alegre. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Encerrado o período destinado à discussão de Pauta. O Ver. Nereu D’Avila está com a palavra, para uma Comunicação de Líder pelo PDT.

 

O SR. NEREU D’AVILA: Ex.mo Sr. Presidente em exercício desta Câmara Municipal, Ver. Paulo Brum, Srs. Vereadores, Sr.as Vereadoras, senhores funcionários, senhores da imprensa, senhoras e senhores, o nosso Partido, o PDT, está compondo uma frente, chamada Frente Trabalhista, que pretende apoiar a candidatura do presidenciável Ciro Gomes à Presidência da República e, no Estado do Rio Grande do Sul, o PDT, em pré-convenção memorável realizada em Novo Hamburgo, há mais de 60 dias, lançou o candidatura de José Fortunati ao Governo do Estado.

A imprensa tem especulado, tem tratado desse assunto, e os Partidos PDT, PTB e PPS têm-se esforçado para manter a Frente.

Ontem, o Governador Brizola, numa entrevista pela manhã a uma das principais rádios desta Cidade, reiterou o desejo da manutenção da Frente. O conceituadíssimo e prestigiadíssimo colunista Barrionuevo, página 10, jornal Zero Hora, hoje, afirma que o Sr. Ciro Gomes ligou para ele e pediu aos seus correligionários, aos seus companheiros do PPS do Rio Grande do Sul que falassem menos e deixassem os fatos avançarem.

A minha intenção na tribuna, em nome do PDT, em tempo de Liderança do Partido Democrático Trabalhista, é reafirmar, primeiro, que viajei com o Governador Brizola, no fim de semana, a São Borja, para depositar flores pelo nono ano da passagem da morte da Dona Neuza Goulart Brizola, e pude dialogar com ele, e estou certo, e por isso afirmo, em nome do PDT, que o Governador Brizola quer a Frente e que ele acha, com segurança e com argumentos sólidos, que o Sr. Ciro Gomes é o mais preparado candidato à Presidência da República, sem demérito aos demais; que o Sr. Ciro Gomes tem tido com ele, o ex-Governador Brizola, um comportamento à altura da liderança que Brizola exerce no âmbito nacional e como líder partidário do Partido Democrático Trabalhista.

Então, ponto primeiro: o desejo concreto nosso, a partir do nosso líder Brizola, de apoiar o Sr. Ciro Gomes; segundo: é desejo do Sr. Leonel Brizola e também é nosso desejo manter a Frente unida. Por quê? Porque nós temos de enfrentar essa plêiade de partidos políticos que existem no Brasil, pois, se cada um lançar um candidato, fica pulverizada a eleição e o resultado é sempre desfavorável àqueles partidos que não têm hegemonia nos Estados e na Nação. E mais, essa verticalização que o Tribunal Superior Eleitoral determinou e que, no dia 18 próximo, será julgada pelo Supremo Tribunal Federal em instância final, essa determinação, no nosso entendimento, na nossa leitura, faz uma tradução daquilo que é o anseio de todos os partidos, ou seja, que o partido tem de ter posição nacional. O tempo dos partidos regionais era o da República Velha. Então, a verticalização, embora contrarie, evidentemente, certas siglas, ao fim e ao cabo, parece positiva.

Mas o que nós queremos reafirmar é que, numa construção de uma frente, tem-se que ver as prioridades e o que é maior, o que é mais importante. No nosso entendimento, no caso da Frente Trabalhista, o mais importante é a candidatura à Presidência da República. O poder está lá, as questões principais de angústia do povo brasileiro, a política cambial, econômica e social, a não-distribuição de riqueza, a crise nacional, tudo isso está na determinação da política nacional, ou seja, como é um regime presidencialista, nas mãos do Presidente da República.

Por isso, é prioritária a candidatura do Sr. Ciro Gomes, e queremos reafirmar aqui, Sr. Presidente, encerrando, que, de nossa parte, do PDT, nós, evidentemente, queremos a manutenção da Frente. É claro que já temos um candidato lançado, um candidato na rua, que é o Sr. José Fortunati, e queremos manter essa candidatura, evidentemente, engajados na candidatura presidencial do Sr. Ciro Gomes. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Haroldo de Souza está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. HAROLDO DE SOUZA: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, eu não sei se isto está certo, mas, se estiver certo, eu gostaria também de dizer que eu sou candidato a Deputado, que eu gosto do Ciro Gomes e que penso ser José Serra um candidato qualificado. Será que é por aí?

Eu gostaria de saber quando é que nós vamos, decididamente, votar projetos? Eu gostaria de saber quando, nesta Casa, iremos discutir assuntos de interesse para a sociedade? Volto a falar - e eu sei que fico antipático perante alguns, mas não perante aqueles que, realmente, pensam como eu nesta Casa. Eu quero saber como é que vai ficar o Projeto que apresentei aqui para a criação de cabines à prova de bala para os motoristas de ônibus e lotações, já que nós não temos um Secretário de Segurança Pública para cuidar da Segurança do Estado. Então, precisamos criar cabines.

Preciso, urgentemente, saber a quantas anda o Projeto das Casas-Lar, que o ex-Prefeito Tarso afirmou que iria fazer. Certamente, o plano ficou para o novo Prefeito, o Sr. João Verle.

Eu preciso saber se, derrubado o Veto Total do Prefeito Tarso para o restaurante popular, agora ele vai ser implantado, ou será mais um projeto que vai para a gaveta, porque não pertence ao time de Vereadores do PT a sua autoria?

Eu sei que é preciso falar aqui sobre a guerra de palestinos e israelenses. Eu sei que é preciso falar aqui que o Governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso é um governo desumano e cheio de contradições, sempre contra as classes menos favorecidas.

Eu sei que o aumento da gasolina, feito de forma sistemática, escalonada, é um crime. Um país que tem grande produção de petróleo em escala, como o nosso, poderia, sim, fazer uma política de combustíveis que viesse ao encontro de preços camaradas, para que este combustível deixasse de ser o ponto de explosão de aumentos em todos os produtos básicos para a sociedade, que precisa viver. Tudo isto eu sei.

Eu sei também que precisamos falar alguma coisa sobre sucessão estadual, sobre frentes, sobre coligações, sobre disputas pelo poder.

Mas entendo que esses assuntos não atingem as necessidades do povo porto-alegrense, que clama por maior segurança; que a segurança precisa ser tratada de forma urgente, tendo pessoas de capacidade, para que a insegurança não se transforme em epidemia, se é que já não é uma epidemia!

Precisamos discutir nesta Casa o assunto dos municipários, com este Projeto monstrinho que o ex-Prefeito deixou como herança de sua rápida, meteórica passagem pelo Executivo porto-alegrense! Esse Projeto do ex-Prefeito Tarso Genro, para regulamentar a Previdência dos Municipários, suprime direito dos servidores, eliminando quarenta e sete artigos do Estatuto do Funcionário Municipal de Porto Alegre. E isso é grave! E isso é sério! Eu penso que isso é que deveria ser discutido aqui.

É preocupante que este Projeto tenha sido feito pela Prefeitura, quando sabemos que o certo seria estabelecer, talvez, um plebiscito para saber qual o real desejo dos municipários e, depois, sim, partirmos para um projeto em conjunto, visando a atender a classe da melhor maneira possível. O que não pode é a previdência dos municipários passar para o domínio da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, já que eles, municipários, têm vida própria e precisam ser respeitados.

A administração da previdência tem furos, tem falhas. Que se corrijam as falhas e se punam aqueles que possam ter, na administração do Montepio, praticado atos ilícitos, se é que eles foram praticados.

Agora ficarmos falando aqui de coligações, de quem vai ser candidato a que nas eleições de 6 de outubro, demonstra que estamos atentos a todos os assuntos pertinentes à política, aos partidos. Mas, decididamente, não foi para isso que fomos eleitos. Ou foi para isso? Se eu estiver enganado, por favor me desculpem.

Penso que, sobre a política partidária, deveríamos guardar nossas falas para reuniões de partidos e das próprias coligações, e tratarmos com mais atenção - felizmente a maioria daqui faz isso -, dos assuntos que dizem respeito diretamente aos problemas da Cidade, que são muitos.

E a Comissão Parlamentar de Inquérito da Habitação sai?

Pois é, temos problemas, muitos problemas para discutir aqui, e não podemos mais perder tempo, porque o eleitor está exatamente querendo saber se estamos fazendo aquilo para o qual fomos eleitos. Quanto a campanhas eleitorais, vamos saber como é que fica só no dia 6 de outubro. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Ver. Haroldo de Souza quer que se fale nos problemas de Porto Alegre. Está absolutamente correto. Nós temos discutido aqui, desde de 1º de março, o inusitado aumento da tarifa de água, quando o Prefeito, desrespeitando o Legislativo, colocou três vezes a inflação oficial do ano passado em cima da tarifa de água. Acho que devemos ser mais atentos, devemos cobrar mais. No direito público só pode ser feito aquilo que está autorizado, e o Dr. Tarso Fernando, no primeiro mandato dele, sabia que para realinhar a tarifa, ele tinha que pedir autorização da Câmara. O Ver. Estilac Xavier depois vai explicar, mas o Dr. Tarso Fernando não explicou. Sabia no primeiro mandato, ele tinha mais tempo na Prefeitura, que ele precisava de autorização legislativa para fazer algo diferente daquilo para o qual ele estava autorizado. Mandou para esta Casa, analisamos, entendemos as necessidades da Cidade, não queremos que falte água, queremos um esgoto tratado, e lhe demos as condições para que fizesse o realinhamento. Mas a Lei Complementar é clara, precisa e concisa, dizendo que o preço básico mensalmente pode ser reajustado pelo IGPM. Para isso ele estava autorizado; mais do que isso, ele não estava autorizado. Direito público é isso.

Então, o que fizemos nós? Redigi um texto de Decreto Legislativo, tornando sem efeito o Decreto do Prefeito, coisa que já tínhamos feito no passado. Pedi urgência para o Projeto de Decreto Legislativo, e até agora, passados quase quarenta e cinco dias, não temos a solução do problema. É verdade que não conseguimos votar os vetos, portanto não podemos votar o Decreto Legislativo. Mas vou pedir a todos os meus colegas que tenham interesse de fazer respeitar o Legislativo. Se o Prefeito está autorizado a fazer apenas o reajuste do IGPM mensalmente, o Decreto Legislativo nosso tem que ser feito o mais rápido possível, porque a população está sendo lesada, e o Prefeito não tinha autorização para fazer o que fez.

Portanto, estou conclamando os meus colegas, vamos acelerar a votação dos vetos para que possamos votar o Decreto Legislativo e tirar essa carga de 18% ilegal.

Nós também não ficamos parados, é bom que se ressalte que a maioria da oposição foi ao Ministério Público, e o Ministério Público aceitou a denúncia de que foi malfeito o Decreto de S. Ex.ª o Prefeito Tarso Fernando, que não ficava na Prefeitura; ele estava cuidando da sua pré-candidatura. Quando foi pensado em fazer o aumento por decreto, eu avisei o Diretor do DMAE que não havia amparo legal. Mas ele me disse que era uma nova Medida Provisória do Governo Federal. Mas se houver Medida Provisória do Governo Federal, vai ter de ser alterada a legislação municipal, porque a autonomia municipal não pode ser ferida. Quando fui ver, não era nada de medida provisória; era apenas a Lei de Responsabilidade Fiscal, e ele estava fazendo confusão. Falava-se em fazer reajustamento em contratos depois de um ano de aplicação, se houvesse razões para tanto, mas não falava na tarifa de água.

Portanto, acredito que esta Casa tem de decidir os vetos o mais rápido possível para que possamos, com a urgência pedida, votar o Decreto Legislativo e mostrar ao Prefeito, que fugiu da Cidade, que ele agiu muito mal. Saúde e paz! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Ver. Luiz Braz está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Ver. João Carlos Nedel, presidindo esta Casa; Sr. Secretário, parabéns pela sua assunção à 1.ª Secretaria da Casa; Srs. Vereadores, quero cumprimentar também o Ver. José Valdir, que também retorna a esta Casa depois de algum tempo, inclusive prestando serviço ao Executivo; e vou fazer uma referência ao meu amigo Haroldo de Souza. O Ver. Haroldo de Souza, que é um Vereador que prezo muito, diz que devemos discutir as questões municipais. E eu estou inteiramente de acordo com ele. Só que, quando estamos discutindo Presidência da República, não deixo de estar discutindo também os problemas municipais, porque o Presidente da República, aquele que vai assumir, vai ter influência direta na política municipal. Foi referido aqui, inclusive, que a pré-candidata do meu Partido, Sr.ª Roseana Sarney, tem problemas que todo o mundo conhece. Só que ela não pode ser sentenciada antes do julgamento final. Não há julgamento. Existem acusações e eu quero, o Ver. Luiz Braz juntamente com o meu Partido, que ela dê todas as explicações - e se ela não der todas as explicações não será jamais a minha candidata a Presidente da República. Jamais vou apoiar uma candidata ou um candidato que não tiver as explicações para dar ao público.

Eu acho que nós que somos homens públicos temos a obrigação de dar as explicações para os nossos atos. A Sr.ª Roseana Sarney antes era uma aliada do PC do B, do meu amigo Ver. Raul Carrion, mas ela tem explicações para dar e eu quero que ela dê explicações.

O meu amigo Ver. João Antonio Dib veio falar sobre a água. Olha, Ver. João Antonio Dib, V. Ex.ª é um homem de muito conhecimento, mas no campo do Direito Público eu quero dizer que discordo de V. Ex.ª no que tange ao direito que o ex-Prefeito tinha para decretar o aumento da água. Infelizmente, as nossas leis complementares dizem que é a tarifa que abriga os custos da água. Temos a Lei Complementar n.º 250 dizendo que o preço básico deve ser reajustado pelo IGPM, só que o preço básico do IGPM só quando entra qualquer insumo a mais no preço da água, ou qualquer coisa que faça aumentar o preço da água, ele tem o instituto da tarifa. A natureza da tarifa é deixar ao alvedrio do administrador que ele possa aumentar ou deixar de aumentar. O administrador aqui resolveu que ele tem que aumentar, e aumentou, mas ele não está errado juridicamente, ele está baseado na Lei Municipal. É por isso que apresentei aqui um Projeto de Lei dizendo que nós temos que fazer o custo da água através da taxa, porque taxa é tributo, esse, sim, é obrigado pela natureza tributária a ter votação aqui na Câmara Municipal. Os Vereadores têm que votar qualquer tipo de aumento, e como ainda está baseado em princípios tributários, nós temos que votar este ano, por exemplo, para ter validade no ano que vem. Eu não posso, de repente, fazer com que a água seja aumentada de surpresa, como foi aumentada recentemente, não vai haver mais surpresas depois que nós votarmos a modificação das leis complementares que nós temos, hoje, no nosso Município, Ver. João Antonio Dib. Então, em colaboração com V. Ex.ª acabei assinando o seu Projeto de Decreto Legislativo, mas eu tenho certeza absoluta de que o Prefeito Municipal, juridicamente, estava bem amparado nas Leis Complementares que nós temos. A única coisa de que precisamos, Ver. João Antonio Dib, é mudar essas Leis Complementares, é transformar essas Leis Complementares as quais falam em tarifa. Então, eu tenho de modificar essas Leis Complementares, e aí, Ver. João Antonio Dib, V. Ex.ª tem absoluta razão, essa luta nós vamos fazer juntos aqui neste Plenário, eu e V. Ex.ª, e acredito que ela deve ser encarada por todos os Vereadores.

Foi um erro do legislador passado dizer nas Leis Complementares que o custo da água deveria ser verificado por intermédio das tarifas. Não, tem de ser através de taxas. Lá está o art. 145 da Constituição - e eu só peço, por favor, que todos os Vereadores leiam o art. 145, inc. II da Constituição. Lá está bem claro, consta que o Município pode criar taxas para os serviços medidos, para o seu poder de polícia, e é isso que nós temos de fazer aqui, ou seja, transformar aquela tarifa em taxa, aquilo que está na Lei Complementar n.º 170, e está na Lei Complementar n.º 250. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Divulgamos as presenças aqui, as quais nos honram muito, dos seguintes Vereadores: Vilson Muller, de São Paulo das Missões; Altemir Luft, de São Martinho; Osmar Santos, de Salgado Filho; Ervino Loben, de Salgado Filho; Lauro da Silva, de Mostardas; e Edegar Lopes, de Alegrete. (Palmas.)

O Ver. Sebastião Melo está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente em exercício desta Casa, Ver. João Carlos Nedel, colegas Vereadoras e colegas Vereadores, muito especialmente a saudação aos colegas Vereadores do interior, os quais nos honram com as suas presenças e que estão aqui em um curso intensivo sobre a Lei de Responsabilidade Fiscal, promovida pela sua Associação, a ABRASCAM, aqui no Legislativo Municipal.

Ver. João Antonio Dib, V. Ex.ª, a meu juízo, logra êxito e razão na tese aqui esboçada nesta tribuna. A Lei n.º 250 é de uma clareza meridiana: ela diz que o Prefeito - que não quis governar a Cidade, que fez trampolim da Prefeitura para tentar chegar ao Piratini em cima da mentira, ele que é o Prefeito que se elegeu tendo como eixo da sua campanha a radicalização da democracia... Eu ouvi esse discurso por centenas de vezes, Srs. Vereadores, mas é o governo que faz exatamente como o Fernando Henrique Cardoso nas madrugadas do Palácio do Planalto: governa por medida provisória, e aqui em Porto Alegre governa por decreto. Aliás, quem leu os jornais de ontem, o Jornal do Comércio, o Correio do Povo e a Zero Hora, leu que o índice inflacionário, Ver. Luiz Braz, o maior de todas as Capitais, foi o da Capital dos farroupilhas, a Capital dos gaúchos. E por que, Ver. Adeli Sell? Porque dois tarifaços incidiram nos meses de fevereiro e março, qual sejam: o ônibus, que a inflação foi 10%, e o Prefeito, em homenagem aos empresários do ônibus, deu 16, porque é muito amigo; e o tarifaço da água, que já tinha sido reajustada mensalmente durante todo o ano. Tocou mais 19%!

Eu quero dizer que essa matéria não está resolvida, e se V. Ex.ª tivesse razão, Ver. Luiz Braz, então as passagens de ônibus nunca deveriam ter passado por esta Casa. Nunca deveriam ter passado! Se V. Ex.ª tivesse razão, o Prefeito Tarso FH não deveria ter mandado para esta Casa em 93, quando ele era Prefeito, quando ele quis reajustar acima da inflação.

Até mesmo a Procuradoria, até mesmo o saber jurídico do Dr. Rogério Fravetto tinha um entendimento diferenciado, porque em 93 o Prefeito era o mesmo, a tarifa era a mesma, e ele mandou para esta Casa.

Então, entendo eu que vamos discutir essa matéria. Essa questão é uma questão que bate no bolso do cidadão. Nós estamos andando pela Cidade, nos condomínios. Ontem, estive lá no Condomínio Protásio Alves. As contas aumentaram 700, 800, 1.000 em cada conjunto, Ver. João Antonio Dib. Essa é a realidade. O que adianta um Parlamento para andar de joelhos, com um governo que governa por decreto? Esta Casa tem que se afirmar - e eu faço apelo a V. Ex.ª - porque fui signatário, eu ajudei a redigir esse Decreto - no sentido de que V. Ex.ª peça o art. n.º 81. Vamos pedir! E aqui tem uma estratégia muito clara do governo: o governo discute veto, que não tem que discutir veto, que não tem de discutir, sabe por que, Ver. Nereu D’Avila? Porque ele não quer discutir a CPI do DEMHAB, porque ele não quer discutir o decreto da água. Então, ele quer levar cinco, seis, sete, oito, dez semanas, e, preferencialmente até o final do ano, discutindo “abobrinha”, para depois pedir o art. 81 para Projetos como esse do DMAE, por exemplo, que quer criar 130 cargos no DMAE, quer criar 200 cargos na FASC, quer criar 700 cargos no Hospital Presidente Vargas, mais 40 cargos na Centralizada; e eu pedi à minha assessoria para olhar a LDO e para olhar a Lei de Orçamento, e vi que não há previsão orçamentária e não há previsão da LDO para criar esses cargos.

Mas, mais do que isso, Ver. João Antonio Dib, eu vou lá para o Diário Oficial do dia 15 de março, e diz do gasto com pessoal: “63,79%” - gastou-se no ano de 2001 com pessoal, desrespeitando a Lei de Responsabilidade Fiscal; 63,79%! E agora querem criar mais 1.500 cargos, sem previsão orçamentária. E o Prefeito e a bancada governista querem discutir os vetos. Há veto para nome de rua, são onze inscrições para discutir, Ver. Luiz Braz. São onze. E pedido de prorrogação, ainda. Por quê? Porque não querem discutir o essencial que a Cidade precisa discutir. A oposição não pode ser pautada, não deve, não podemos aceitar. Isso é uma provocação, isso é um acinte.

O Sr. João Verle dá continuidade a um governo que é conservador e fiscalista, e não vai haver trégua, não, porque ele representa um projeto que tem dito uma coisa e feito outra. Então, vamos devagar com o andor porque o santo é de barro.

Por isso, Presidente, nós queremos aqui, Ver. João Antonio Dib, dizer que esta Casa, que é a Casa do Povo, que é a Casa plural, que é Casa da representação de todas as matizes, não pode se submeter a essa lógica autoritária do Executivo. E por isso ela tem de se afirmar, e ela se afirma quando defende os interesses da cidadania. E aqui está a água, aqui está o aumento abusivo. Não há um trabalhador nesta Cidade que teve um aumento de 19, de 20 ou de 30%. Isso não é aceitável, isso não é legítimo e esta Casa não poderá vacilar nessa decisão. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Ver. Paulo Brum está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. PAULO BRUM: Ver. João Carlos Nedel, na direção dos trabalhos, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, agradecendo ao meu Líder, Ver. Antonio Hohlfeldt, Líder da minha Bancada, a do PSDB, que possibilita que eu utilize este tempo em nome do nosso Partido. Ver. Antonio Hohlfeldt e, em especial, Ver. Pedro Américo Leal: “Toque de recolher no Rubem Berta.” Eu pensei que era no Rio de Janeiro; quando vi essa manchete, aqui, pensei: deve ser no Rio! É aqui em Porto Alegre! Ver. Pedro Américo Leal, já estão exportando, agora, também... Em que pé encontra-se a nossa segurança, aqui no Estado do Rio Grande do Sul e, em especial, na nossa Capital? É esse o modelo de segurança que querem exportar para o Brasil. É essa segurança que estão importando do Centro do País, do Rio de Janeiro para a nossa Capital: toque de recolher no Rubem Berta! Guerra entre gangues intensificada com a morte de um jovem traficante lá no Rubem Berta. Como conseqüência, posto de saúde fica cinco horas fechado. Aí, como fica a nossa população que necessita de um atendimento pelo SUS? Porque quem tem condições tem o seu médico particular, tem o seu plano de saúde.

E, segundo o relato de moradores, quem assombra, quem está assombrando essa comunidade são jovens delinqüentes, menores protegidos - conforme V. Ex.ª muito bem denuncia, aqui, nesta tribuna - pelo famoso ECA.

Na linha de lotação recentemente inaugurada lá na Lomba do Pinheiro, os motoristas já estão apavorados. Já querem, inclusive, fazer boicote de não funcionar mais à noite, de não trabalharem, porque lá também já tem uma gangue de assaltantes menores que, segundo relato de próprio integrante da Brigada Militar, que coordena a segurança na Capital, esses jovens são presos, os próprios motoristas sabem quem são, e são soltos porque a Justiça assim determina. Eles roubam, assaltam, levam pânico, matam e são soltos, porque estão protegidos sob o manto do ECA. E vejam os senhores, essa é a “insegurança” que faz parte do plano de governo do candidato a Presidente pelo PT, que, como eu disse antes, agora diz que os programas sociais do Governo Fernando Henrique Cardoso, meu Líder Ver. Antonio Hohlfeldt - o Programa Bolsa-Escola, Bolsa-Alimentação - é tudo do PT. Agora eles são os bonzinhos, são os donos da verdade.

Mas, aproveitando esse espaço de Liderança, eu quero dizer que estive em Santana do Livramento representando esta Casa - e estou usando este espaço da minha Bancada para fazer este relato, não como fez a Ver.ª Maristela Maffei, que utilizou o Tempo Especial para relatar a sua participação num evento aqui em Porto Alegre - por deferência do nosso Presidente José Fortunati, em Sessão Solene na Câmara de Vereadores de Santana do Livramento, onde temos um companheiro nosso de luta, o Ver. Niltinho, do PSDB, que é um cego e que está lá também defendendo a nossa bandeira, a bandeira das pessoas portadoras de deficiências, em busca da nossa inclusão social. Lá nesse evento também tivemos mais uma conquista para Santana do Livramento: o Secretário Municipal de Transportes, que é do PSDB, o Sr. Pedro, que é também o Presidente da APAE de Livramento, comprometeu-se conosco de, este ano ainda, implantar as primeiras linhas de ônibus adaptados para atender aos portadores de deficiência física de Santana do Livramento. Então, nós pensamos que tivemos bons resultados na nossa ida a Livramento em representação por esta Casa, porque, assim como nós fizemos aqui em Porto Alegre, estamos ajudando a transformar Santana do Livramento numa cidade mais justa, numa cidade mais igual, onde, verdadeiramente, seja implantada a plena inclusão social. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Temos a honra da presença do Ver. Leoni Paulo Matzenbacher, do Partido Progressista Brasileiro, de São Luiz Gonzaga, que visita esta Casa. Seja bem-vindo, ilustre Vereador.

O Ver. Zé Valdir está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ZÉ VALDIR: A nossa saudação à Mesa, aos Vereadores e Vereadoras, à nossa Bancada e aos funcionários desta Casa, é uma satisfação podermos voltar a esta tribuna e podermos, neste tempo de Comunicação de Líder, não responder às questões que foram colocadas aqui, mas discorrer um pouco sobre a impressão, sobre o sentimento que temos ao voltar a esta Casa.

Basicamente, duas questões nos chamam a atenção. Em primeiro lugar é que esta Casa está profundamente modificada e, em segundo, que a nossa participação aqui vai ser um novo desafio, para o qual não basta o acúmulo que nós tivemos aqui em dois ou três mandatos. Nós temos que aprender e reaprender também. Eu venho com esse espírito.

Sobre essa primeira questão, percebe-se, já nos primeiros dias, conversando com funcionários, conversando com os companheiros da Bancada e com outros Vereadores, que esta Casa sofreu alterações importantes, quer na sua estrutura administrativa – sem entrar no mérito, porque não tenho condições de avaliar, mas sofreu profundas alterações -, quer na sua composição política. Temos, hoje, um número de Bancadas que nunca tivemos – que eu lembre – nesta Casa; temos também uma representação bastante diversificada - esta Casa se renovou bastante, a começar pela nossa própria Bancada. Isso tudo impõe uma nova dinâmica e, portanto, o desafio que nós temos é o de reaprender, porque não basta o acúmulo, a bagagem que nós trouxemos dos mandatos anteriores, pois há questões novas, questões administrativas, questões políticas que estão colocadas hoje no cenário da Casa. E nós temos que aprender tudo isso e termos respostas diferenciadas. Eu mesmo acredito que modifiquei, que mudei. Não tenho mais aquela veemência; pelo menos essa veemência hoje está mais seletiva, de minha parte. Eu acredito que isso não seja um sintoma de acomodação, mas de sabedoria - dizem que, com o tempo, nós aprendemos. Apesar de tudo, ainda continua a veemência, porque, há pouco, eu queria fazer um pronunciamento light aqui e já senti uma comichão para responder sobre algumas coisas que foram colocadas. Mas nós vamos ter tempo de fazer isso neste Legislativo. Esta Casa tem todas as condições para desenvolver uma Legislatura altamente qualificada. Por que digo isso? Em primeiro lugar, porque esta Casa tem toda uma tradição de austeridade. Nesse tempo em que estive fora, meditei e comecei a ver a Câmara de fora para dentro, constatei como ela é importante, como esta Casa não pode, muitas vezes, ser colocada de contrabando na vala comum do denuncismo contra os políticos. Esta Casa é diferenciada e um exemplo para os parlamentos do Brasil. Também há a tradição de saber, no momento certo, abandonar o sectarismo, abandonar a postura mais ideológica para fazer valer os interesses maiores da sociedade e da Cidade. Eu não me refiro aos discursos, porque todos fazemos o discurso de quem quer o bem comum, o bem da Cidade. Eu me refiro, por exemplo, ao fato inegável, que foi a elaboração da Lei Orgânica, quando, mesmo havendo divergências políticas entre nós, isso não nos impediu que fizéssemos uma Lei Orgânica que é um exemplo, sendo talvez a Lei Orgânica mais avançada entre as cidades brasileiras.

Eu também digo que esta Casa tem todas as condições de ter uma Legislatura altamente qualificada, porque, de um lado, renovou - e a renovação é sempre uma promessa de idéias novas, uma promessa de não permanecermos na acomodação -, de outro lado, mantém Vereadores com alta experiência como o Ver. João Antonio Dib com experiência legislativa e com experiência no Executivo, como o Ver. Pedro Américo Leal que foi Deputado, como os Vereadores antigos, que retornaram, como o Ver. Antonio Hohlfeldt, como o meu amigo Ver. Ervino Besson, que esteve na primeira Legislatura, como o nosso próprio Presidente, que tem experiência no Congresso Nacional. Então, esta Casa tem todas as condições de fazer um debate político à altura, um debate altamente qualificado, que a Cidade espera e para o qual nós queremos contribuir. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Raul Carrion está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. RAUL CARRION: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sr.as Vereadoras, eu queria, em primeiro lugar, me referir à luta das mais de quatrocentas famílias do Jardim Vitória da Conquista, que, há mais de ano, ocupam uma área do Porto Seco, e que estão, Ver. Dr. Goulart, com ordem de despejo, tendo ameaçado o seu direito sagrado à moradia. Nesta quarta-feira, tivemos a oportunidade de acompanhar essa comunidade numa caminhada que realizou desde o Porto Seco até o Sarandi, no local onde se realizou a plenária do Orçamento Participativo Estadual da Zona Norte. Lá, as pessoas dessa comunidade conseguiram aprovar, como primeira demanda da região, a conquista de uma área para o seu assentamento e para a solução de seu problema. Da mesma forma, pretendem pleitear junto ao Orçamento Participativo do Município o apoio do Município para essa demanda. E continuam mobilizadas permanentemente. Ontem, por solicitação deste Vereador, realizamos uma reunião da CUTHAB, que foi prontamente aceita pelos demais Vereadores e por sua Presidenta, Maristela Maffei, para tratar do problema. Nessa reunião tomamos conhecimento de que a área que elas ocupam é uma área adquirida pela PETROBRAS no Porto Seco, com uma cláusula que obrigava a construção de um posto de combustíveis no prazo de seis meses. Ocorre que a área foi adquirida em 1991, estamos em 2002, e não houve essa construção. E o contrato, inclusive, possui uma cláusula que coloca a reversão dessa área para o Município se não for cumprida a exigência contratual, somente havendo a devolução de 50% do valor. Portanto, pode, inclusive é uma das hipóteses, haver uma solução, com o assentamento dessas famílias na própria área. É uma questão que juridicamente queremos examinar.

A outra alternativa, apontada nessa reunião, seria a aquisição de uma área alternativa para o reassentamento. Também é importante dizer que esteve presente o Secretário Carlos Vieira, da SPM. Ele deixou claro que, apesar de lindeira, próxima à área prevista para o sambódromo, não existe qualquer previsão de qualquer equipamento nesta área. A partir daí, temos a idéia de marcar uma reunião, junto ao DEMHAB, com a presença da CEHAB, e as partes interessadas, para tentarmos construir essa solução, que evite o despejo e, certamente, entraremos em negociação também com a PETROBRAS para uma solução. Então, penso que está encaminhado de forma positiva.

Em segundo lugar, quero chamar a atenção desta Casa e de todos os Vereadores para algo que desta tribuna eu já havia manifestado, que é o fato de que acaba de ser aprovada medida provisória, no nosso entender totalmente inaceitável, por um Congresso submisso, que é a chamada medida provisória para o setor elétrico, que irá redundar em aumento - mais um, porque já houve um primeiro reajuste - da taxa de energia elétrica, que será suportado pelos consumidores domiciliares, comerciais e industriais, que varia de 3 a 8% e, pasmem os senhores, pelo crime de terem economizado energia durante o período do “apagão”, economia que foi imposta pelo governo. Pois bem, como o povo brasileiro economizou, agora as empresas privadas alegam que tiveram prejuízo, porque não venderam toda a energia que previam. E quem vai pagar a conta? Será o capital de risco, que o neoliberalismo propõe que assuma os riscos do investimento? Não. Será o Governo, que levou o País para o caos energético? Não. Quem pagará será o povo que, mais uma vez, terá aumentado o preço da sua energia.

Concluo dando um último dado: o Tesouro Federal, nos próximos 180 dias, terá de repassar 7,5 bilhões de reais de adiantamento para pagar o eventual prejuízo desta Empresa ao juro de 1% ao ano. Sete e meio bilhões de reais permitiriam construir quinhentas mil habitações populares. Onde se pode conseguir esse dinheiro a 1% ao ano? Só as empresas privadas num governo neoliberal. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Havendo quórum, passamos à

 

ORDEM DO DIA

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO NOMINAL

 

(discussão: todos os Vereadores/05minutos/com aparte;

encaminhamento: autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

PROC. 2141/01 – VETO TOTAL ao PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 129/01, de autoria do Ver. Pedro Américo Leal, que isenta os proprietários ou locatários residenciais do pagamento de tarifa dos serviços de estacionamento rotativo (Área Azul) nas vias públicas do Município de Porto Alegre e dá outras providências.

 

Observações:

- para aprovação, voto favorável da maioria absoluta dos membros da CMPA – art. 77, § 4º, da LOM;

- votação nominal nos termos do art. 174, II, do Regimento da CMPA;

- Por resultar empatado, deixa de constar o Parecer da CCJ, nos termos do art. 54, § 1º, do Regimento da CMPA.

 

Na apreciação do Veto, vota-se o Projeto:

SIM – aprova o Projeto, rejeita o Veto;

NÃO – rejeita o Projeto, aceita o Veto.

- Trigésimo dia: 16.3 – Sábado.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão o Projeto de Lei do Legislativo n.º 129/01, com Veto Total, de autoria do Ver. Pedro Américo Leal. O Ver. Pedro Américo Leal está com a palavra para discutir.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, esta Casa vive um impasse. Por que negar? É angustiante a situação desta Casa. Vinte e cinco projetos em Pauta para discussão preliminar; Vetos do Governo. São setenta e tantos projetos na Ordem do Dia. Então, como fazer para desobstruir? É a pergunta que permanece no Plenário! Os Vereadores estão angustiados. V. Ex.ª, Ver. Haroldo de Souza, já três vezes veio a esta tribuna mostrar sua insatisfação. De lá registrei tudo isso, mas o que fazer?

Tenho um projeto que elaborei – não consulto ninguém para fazer projetos, não tenham dúvida, não consulto o povo, não consulto o Partido, não consulto ninguém; eu sei o que fazer; converso com o Dib ligeiramente -: é o Projeto sobre os caixas eletrônicos, que há dois anos já é lei federal. Por causa do apagão, o Projeto anda “molejando” por aí, e não veio ainda, sequer, entre os projetos em Pauta - pelo menos eu não vi -, para ser decidido. Como, então, nós venceremos esse impasse, pergunto, senão dedicando a quarta-feira, exclusivamente, para fazermos votações? Por quê? Eu trouxe o Plenário cá para baixo. De que adiantou? Mexi no Regimento, criei, indiretamente, outros artigos. Apareceram treze Partidos, as Lideranças são treze, as Comunicações que nós aumentamos - fomos nós, fui eu o Relator - passaram a oito. Então, operamos treze, com oito comunicações são vinte e um; vinte e uma participações de Vereadores. Temos de resolver o problema.

Estudo e convido os meus colegas para decidirem sobre este Projeto de Lei em que peço que se isentem os proprietários - mas nenhum proprietário falou comigo, não precisa falar - locatários residenciais, do pagamento dos serviços de estacionamento rotativo - área azul - nas vias públicas do Município de Porto Alegre e dá outras providências. Meus senhores, qual é a culpa que o indivíduo tem de morar em um edifício que não tem garagem e, repentinamente, o Prefeito, que é dono da rua... Não sei por que o Prefeito é dono da rua. A rua, Ver. Estilac Xavier e Ver. Marcelo Danéris, é pública e ninguém pode interditar espaços para estacionamento. Ninguém! A rua é pública.

Pois bem, essas pessoas, que não têm garagem, repentinamente, como é que vão resolver os seus casos? Eles não podem deixar os seus carros na rua, têm de acordar às 7h da manhã para tirar o carro e estacionar só depois das 18h. Isso é impossível! O que é que nós estamos fazendo aqui? Este é um Projeto que transcende partidos, é um Projeto de viabilidade do próprio público de Porto Alegre.

 

O Sr. Sebastião Melo: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Pedro Américo Leal, V. Ex.ª tem razão. Vejam o seguinte: nós temos uma frota de seiscentos e cinqüenta mil veículos, e a Área Azul veio para dar uma organizada. Essa é uma lei antiga.

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Ver. Pedro Américo Leal, este Vereador se inscreve e cede seu tempo a V. Ex.ª.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Muito obrigado, Vereador.

 

O Sr. Sebastião Melo: O objetivo desta Lei é dar uma certa organizada, uma regulada para que o cidadão não passe o dia inteiro estacionado no mesmo local. Agora, por exemplo, se o cidadão sair da Zona Sul, visitar o Bairro Moinhos de Vento e estacionar na Rua Tobias Barreto, ele pode usar o estacionamento, mas o cidadão que mora naquela rua, que adquiriu o seu apartamento e que, muitas vezes, não tem garagem, não pode usar a rua. Então é absolutamente procedente o seu Projeto. Nós temos que harmonizar o interesse do conjunto da Cidade sem prejudicar aquele que mora naquela localidade.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: É evidente! Eu tenho um Projeto há dois anos, que é o dos caixas eletrônicos. Ele não foi, ainda, julgado pelos meus colegas da sua viabilidade e continua aí, em marasmo, sem que nada resolvamos. E é lei federal. O “apagão” resolveu que seria uma medida prudente. Porto Alegre poderia ter pontilhado tudo isso. Não fez. Eu sou dos Vereadores que menos projetos faz e quase não discuto, porque existem coisas tão evidentes! Para que vir à tribuna para repetir a V. Ex.as o projeto do meu colega? Não preciso. Se ele é bom, eu voto. Se ele é ruim, não voto. Se eu estou indeciso, todos sabem o que fazer.

Então, é preciso que nós nos sensibilizemos e agora diante deste Projeto que fiz. Eu repito, não posso dizer que nunca tenha feito um projeto por me terem influenciado, mas poucas vezes acontece isso, pois o projeto sai da minha cabeça, e só. Então, expresso aqui para os meus pares: o que é que nós vamos fazer neste Projeto? O cidadão mora num edifício, em que ele comprou o seu apartamento, não tem garagem. Onde ele vai estacionar o carro dele? A rua é do Prefeito? Ora, Ver. Danéris, V. Ex.ª vai me provar, os bacharéis aqui vão me provar: Ver. Luiz Braz, Ver. Nereu, Ver. Sebastião, Ver. Juarez! O Ver. Estilac está estudando, está no último ano, ele esconde de todos aqui, mas está no último ano de Direito, ele vem por aí muito mais feroz do que já foi! Ver. Beto Moesch, então vocês vão decidir contra esse indivíduo que está lá em cima dormindo, que tem que tirar o carro, às 7h, correndo. Mas é justo isso? Claro, que não é justo! A rua é do Prefeito? A praça é do Prefeito? Claro que não! E o Prefeito legisla, bota Área Azul, “pinta os canecos”, fica por isso mesmo, ele é o dono de Porto Alegre! Como? Como? Ver. Juarez, V. Ex.ª está sorrindo, V. Ex.ª já sabe que ele não é o dono de Porto Alegre, ele não pode fazer isso! Ele está legislando sobre algo que ele deve legislar pelo bom senso.

 

O Sr. Juarez Pinheiro: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Pergunto a V. Ex.ª, apenas como repto, se aquele que tem a propriedade também é o dono da rua, e a rua, que é pública e que é de todos, pode servir de sua garagem?

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Ele tem o direito de estacionar o seu veículo para ir trabalhar, até para ir passear, o seu edifício não tem garagem. Que culpa tem ele da evolução de Porto Alegre? Porto Alegre era uma coisa, virou outra, hoje em dia é uma grande metrópole. E tanto é uma grande metrópole que o PT, por meio da propaganda, enche os olhos do público: “Porto Alegre é a Cidade Viva”. É o que o PT diz. E quer cobrar daquele que não tem onde estacionar o seu carro. Quer impedi-lo de estacionar na frente do seu edifício? Mas como? Mostrem-me, Srs. bacharéis deste Plenário, eu os consultei e os desafio: desde quando o Prefeito é dono das ruas de Porto Alegre? Ele não pode fazer isso. Muito obrigado.

 

(Revisto pelo orador.)

 

 O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra para discutir o PLL n.º 129/01, com Veto Total.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente, Ver. Paulo Brum, Sr.as Vereadoras, Srs. Vereadores, coube-me suceder, talvez, àquele, de todos nós, com a maior experiência no Parlamento, pelas funções que já exerceu inclusive na Assembléia Legislativa, junto com o Ver. João Antonio Dib, logicamente. E também pelo brilhantismo, pela sua inteligência e pela amizade que eu pessoalmente tenho com ele.

 

 O Sr. Pedro Américo Leal: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu quero que V. Ex.ª me esclareça: V. Ex.ª foi escalado, ou é voluntário?

 

 O SR. JUAREZ PINHEIRO: Não, eu sou voluntário. Eu não me centralizo muito, Vereador. O Ver. Pedro Américo Leal traz essa discussão de uma forma qualificada. O Ver. Pedro Américo Leal não veio aqui, Ver. Estilac Xavier, para, de forma político-eleitoreira, ou para angariar votos, dizer: “Parquímetros não interessam, são um absurdo”, como alguns fazem. O Vereador veio aqui fazer outra discussão. Ele veio trazer a esta Casa, contrariado com o veto, a seguinte questão – eu, pelo menos, depreendo isso -: os parquímetros são, sim, um instrumento importante para que todas as pessoas possam acessar de forma igualitária locais públicos importantes. Deduzo da sua intervenção, mesmo que ele não tenha dito. É algo que é utilizado em todo o mundo, nas principais cidades. Apenas o Ver. Pedro Américo Leal coloca uma questão incidental que se refere às pessoas que moram nesses locais onde são estabelecidos esses tipos de estacionamentos rotativos, e entende ele que essas pessoas precisam ter isenção do pagamento desse preço público. Portanto, esse é um patamar qualificado e que põe a discussão a bom termo nesta Casa, e é sobre isso que me quero debruçar. Porque, do ponto de vista da utilização do instrumento dos parquímetros, não pode haver um Vereador nesta Casa que, não querendo fazer disputas de ordem eleitoral, não reconheça que esse é um instrumento que revitaliza os centros comerciais dos nossos bairros. Porque, hoje, acessar um espaço público aqui no Centro, na Azenha, no Bom Fim, na Assis Brasil, custa um valor significativo, isso é um valor social e faz com que, com essa rotação permanente, o pequeno comércio, o médio comércio possam ter vida, porque as pessoas podem acessar a esses equipamentos e, portanto, há, inclusive, uma não-concentração econômica, o que é muito importante.

De outra parte, respondendo ao Ver. Pedro Américo Leal, a rua, os bens podem ser bens dominiais, bens de uso comum do povo ou de uso especial. A rua é um bem de uso comum do povo, todos têm o direito de utilizá-la, ela não pode ser privatizada por uma única pessoa. Portanto, confesso que tenho dúvidas quanto ao mérito da sua iniciativa, mesmo que ela seja a mais legítima, mesmo que ela compreenda o instrumento dos parquímetros. Pergunto, Ver. Pedro Américo Leal: o fato de uma pessoa não possuir, no seu prédio de apartamentos, garagem, pode outorgar a essa pessoa o direito de, sobre todas as demais, ocupar algo que é público, que é de todos, com prevalência, com especialidade? Nós não estamos invertendo a lógica, ou seja, não estamos privatizando algo que é público, algo que é de todos por uma deficiência eventual de um prédio de apartamentos. Portanto, Ver. Pedro Américo Leal, eu quero dizer que, neste caso - e V. Ex.ª é auxiliado pelo seu Assessor, o Lauro, que todos conhecem nesta Casa -, penso que a justeza aqui está em reconhecer, sim, a deficiência daqueles que não têm garagem, mas não em colocar isso, Ver. Nereu D’Avila, como uma prevalência total, ou seja, porque eu não tenho garagem, eu me coloco em posição sobranceira em relação aos demais, ou seja, eu vou ocupar esse espaço o tempo todo, e o pequeno comércio que existe ao lado da minha casa, que precisa, sim, que haja estacionamento para que as pessoas possam acessá-lo, fica prejudicado.

Portanto, eu penso que aí deve haver um equilíbrio, e o equilíbrio, eu creio que, em parte, está no decreto que diminui o preço dessa cobrança, que é estipulada por meio de um preço público.

Este é um grande debate: não é do Prefeito a rua, e essa também não é de quem tem garagem, Ver. Pedro Américo Leal. A nosso ver, não existe essa dicotomia, e esta Casa talvez possa ajudar a encontrar esse equilíbrio. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Marcelo Danéris está com a palavra para discutir o PLL n.º 129/01, com Veto Total.

 

(Aparte anti-regimental do Ver. Pedro Américo Leal.)

 

O SR. MARCELO DANÉRIS: Tenho a esperança de convencê-lo, Ver. Pedro Américo Leal. Ver. José Fortunati, Presidente da Câmara, no exercício dos trabalhos, Srs. Vereadores, Sr.as Vereadoras, pessoas que nos acompanham aqui pela TV Câmara. Primeiro, o Ver. Pedro Américo Leal trouxe uma preocupação sobre os vetos. Eu quero comunicar ao Ver. Pedro Américo Leal que, da parte da Liderança do Partido dos Trabalhadores, existe total interesse, juntamente com os partidos que compõem a oposição, de sentarmos e construirmos um acordo capaz de liberar a Pauta, votando e apreciando os vetos, e de que também consigamos construir projetos da oposição, da situação e do Executivo para esse primeiro semestre. Temos total disposição para isso, já falei com vários Vereadores da oposição nesse sentido. Segundo, quero dizer que o Executivo já está sensível a sua preocupação, que não é apenas sua, é da população de Porto Alegre. Para isso já fez um decreto que determina um horário para os moradores e reduz, inclusive, o valor do parquímetro para quem é morador. Mas eu quero também discutir um pouco a questão de mérito. V. Ex.ª faz uma pergunta, e eu penso que essa pergunta é o centro da sua exposição: a rua é publica. Eu concordo que a rua é pública, Ver. Pedro Américo Leal; ela, portanto, não é do Prefeito, mas tampouco é daqueles moradores que moram ali tão-somente. A rua é pública. Pensar a rua pública para que todo o público tenha acesso é a função do Poder Público. Esta é a diferença, quando nós queremos uma rua pública: que não seja dos Prefeitos, mas que, também, não seja privatizada pelos moradores daquela rua, e sim todo o público tenha acesso. E pensar que o público acesse a essa rua, e não só os moradores e nem tão-somente o Prefeito, essa é a preocupação do Poder Público.

 

O Sr. Pedro Américo Leal: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vou fazer uma pergunta a V. Ex.ª: um morador chegou primeiro e deixou o seu carro diante do seu apartamento que está naquele edifício.

 

O SR. MARCELO DANÉRIS: E está de férias.

 

O Sr. Pedro Américo Leal: A rua é pública, é de quem chegou primeiro.

 

O SR. MARCELO DANÉRIS: E o comerciante que está ali, bem em frente, como é que ele faz?

 

O Sr. Pedro Américo Leal: Ele coloca o carro atrás desse.

 

O SR. MARCELO DANÉRIS: E se chegar uma ambulância para pegar uma pessoa que está ali, como é que ela faz?

 

O Sr. Pedro Américo Leal: Coloca o carro na frente.

 

O SR. MARCELO DANÉRIS: E o jornaleiro que trabalha ali na esquina, como é que ele faz?

 

O Sr. Pedro Américo Leal: Jornaleiro não tem automóvel.

 

O SR. MARCELO DANÉRIS: Quem tem banca de revista tem automóvel, sim.

Então, a rua tem de ser pública, e o acesso, universal. Nem tão-somente dos moradores, nem do Prefeito, nem de ninguém. Ela tem de ser pública, é via pública, Ver.ª Sofia Cavedon. Para tanto, temos de pensar uma forma no sentido de que todo público acesse à rua, e no sentido de que ela não seja privatizada pelos moradores, comerciantes ou pelo Prefeito. Temos de pensar assim.

Agora há uma crítica sobre os parquímetros. Se há uma crítica sobre os parquímetros, a pergunta que tem de ficar para nós é: dentre a crítica qual a alternativa? Quantas alternativas foram propostas aqui para os parquímetros, Ver. Juarez Pinheiro? A crítica ao parquímetro é fácil: “Vamos pagar, não vamos fazer...” Mas qual é a alternativa para os parquímetros, qual é a alternativa do Poder Público para que a via seja pública e de acesso universal pelo público? Qual é a alternativa aos parquímetros?

Vamos falar sobre um outro problema, que é um debate importante. Há uma frota de mais ou menos setecentos mil carros em Porto Alegre. Desses, quantos moradores de edifícios existem? Vamos dizer que duzentos mil carros, Ver. Juarez Pinheiro. Aí o Poder Público tem que dar um selinho, Ver. Luiz Fernando Záchia. Quem é que paga o selinho? Quem é que organiza isso? Quem é que recebe os duzentos mil veículos? Quem é que vai lá vistoriar para ver se o cara realmente mora lá? Quem é que cobre o custo disso? Onde, para além da crítica, onde está a alternativa e a forma de fazer esta estrutura? Quanto custam duzentos mil selinhos? Quantos funcionários são necessários para vistoriar cada um dos moradores? Como controlamos isto? Então, para além do parquímetro, precisamos discutir as alternativas, e abertos às alternativas e aos debates nós sempre estamos. Ver. Pedro Américo Leal, infelizmente acabou meu tempo.

 

O Sr. Pedro Américo Leal: Se V. Ex.ª insistir, vou acabar mandando dinheiro para a Prefeitura.

 

O SR. MARCELO DANÉRIS: Seria uma boa ajuda para o público de Porto Alegre. O Ver. Pedro Américo Leal quer mandar o dinheiro para a Prefeitura. A população de Porto Alegre agradecerá o seu gesto de caridade e de generosidade. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Luiz Braz está com a palavra para discutir o PLL n.º 129/01, com Veto Total.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu sei que a Procuradoria do nosso Município, ela é muito rica em talentos, tem Procuradores que são experts na área do Direito, e eu não estaria atacando a Procuradoria de forma nenhuma por conhecê-la. Mas quem fez este Parecer é de uma ignorância jurídica atroz. Ver. Juarez Pinheiro, eu sempre chamo o Ver. Juarez porque ele é um conhecedor desta área do Direito. Olha aqui uma das coisas que diz aqui o parecerista, ele diz assim: “saliente-se que o benefício proposto de natureza tributária está em desacordo com os requisitos constantes no art. 14”. Ora, ele falar que isto daqui é de natureza tributária, ele não leu a Constituição, não leu a Lei Orgânica nunca na vida dele. Quais são os tributos que nós temos? Nós temos, hoje, o Território Nacional, Ver. Juarez Pinheiro. Os tributos são os impostos, são as taxas, são as contribuições de melhoria. Não está escrito em lugar algum da nossa Constituição ou da Lei Orgânica que tarifa é tributo. Então, se isso aqui é tarifa, está regulando - é preço público - o estacionamento rotativo nas ruas. Isso não é tributo. Como é que esse rapaz ou essa moça - não sei - que fez esse parecer para o Prefeito Municipal comete essa falha gritante? Com aquela vontade de vetar o Projeto, de impedir que o Projeto possa progredir, ele possa aqui vir e dizer que estamos discutindo uma matéria de natureza tributária. Nós não estamos. Nós estamos discutindo aqui uma matéria que não é de natureza tributária, ela é de natureza financeira, ela está arrecadando, então o Direito Financeiro pode tratar dessa matéria. Agora, o Direito Tributário não vai tratar de tarifa em lugar algum no mundo. Aliás, aqui no Brasil pelo menos não, porque nós somos regidos pela Constituição, e nós, aqui no Município, pela Lei Orgânica.

 

O Sr. Juarez Pinheiro: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. Luiz Braz, a V. Ex.ª, que de forma tão perfunctória examina as questões de tributos, taxas, impostos e preços públicos, eu pergunto: V. Ex.ª entende que o Poder Legislativo pode fixar preços públicos?

 

O SR. LUIZ BRAZ: O Poder Público?

 

O Sr. Juarez Pinheiro: O Poder Legislativo.

 

O SR. LUIZ BRAZ: O Poder Legislativo? Se pode legislar sobre preços públicos? Olha, se nós podemos legislar sobre tributos, se nós pegarmos a Constituição Federal, no art. 48, diz quais são as competências dos Deputados e Senadores. E lá, Ver. Juarez Pinheiro, está que uma das competências dos Deputados e Senadores é legislar sobre matéria tributária. Se nós podemos legislar sobre matéria tributária, nós podemos legislar também sobre preço público. E imaginem só, V. Ex.as, se nós pegarmos o art. 94 da nossa Lei Orgânica, e é bom pegarmos o art. 94 da Lei Orgânica, porque sempre se faz uma confusão muito grande a respeito dos projetos de iniciativa do Prefeito. Está aqui, Ver. João Dib, eu já vi também V. Ex.ª discutir várias vezes essa matéria. O art. 94 diz assim: “Compete privativamente ao Prefeito...” E lá no inciso VII, na Lei Orgânica, está escrito: promover a iniciativa de projetos de lei que disponham sobre:

“a) criação e aumento de remuneração de cargos, funções ou empregos públicos na administração direta e autárquica.“ É isso? Não é.

“b) regime jurídico, provimento de cargos, estabilidade e aposentadoria dos servidores públicos.” É isso? Também não estamos fazendo.

“c) criação e estruturação de secretarias e órgãos da administração pública.” É isso? Também não estamos fazendo e, aí, se esgota a capacidade do Prefeito ter iniciativa de leis. O resto é do Município! Não é mais privativo do Prefeito. Não é que o Prefeito não possa...

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Ver. Luiz Braz, o Ver. Ervino Besson se inscreve e cede o tempo a V. Ex.ª, com a anuência dos demais Vereadores inscritos.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Muito obrigado, Ver. Ervino Besson e demais Vereadores que estão inscritos, por permitirem que eu possa permanecer na tribuna.

Mas isso é iniciativa do Prefeito, o resto não é! O resto é iniciativa geral, pode ser iniciativa desta Casa, porque senão não precisaria estar disposto, aqui, na Lei Orgânica do Município e se também não fosse assim, não precisaria estar no art. 48, da Constituição.

 

O Sr. Estilac Xavier: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Luiz Braz, V. Ex.ª está se referindo ao art. 8º nos seus incisos VII e XIV da Lei Orgânica?

 

O SR. LUIZ BRAZ: Eu estou me referindo ao art. 94, que diz o que compete privativamente ao Prefeito fazer e as iniciativas de leis, que está lá no inciso VII. Só aquelas leis que cabem privativamente à iniciativa do Prefeito.

 

O Sr. Estilac Xavier: Vamos ver o inciso, então, Vereador, das atribuições do Prefeito privativamente: “IV - dispor sobre a estrutura, a organização e funcionamento da administração municipal.” O que integra as ações nos logradouros.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Vereador, nós estamos falando, aqui, no campo legislativo. Não estou falando no campo da execução. Não estou falando no campo da administração. Eu estou falando no campo legislativo. Ver. Estilac Xavier, no campo legislativo, nós podemos ter iniciativas, aqui, de tudo aquilo que está na Lei Orgânica e está na Constituição, possibilitando que nós o façamos.

E que há muito tempo, Ver. Pedro Américo Leal, os Vereadores desta Casa abdicam dos seus direitos de legislar. Nós deixamos de fazer projetos de lei porque, de repente, acreditamos, baseados nas leis antigas, de que não podemos ter iniciativa de determinados projetos de lei, como por exemplo, projeto de lei tributária. Nós podemos ter! Se eu posso ter iniciativa de projeto de lei tributária, por que não posso ter iniciativa de projeto quando se trata de preço público.

Eu só quero ler o art. 8.º que o Ver. Estilac Xavier estava chamando a atenção. O art. 8.º diz assim: ao Município compete, privativamente – e eu pergunto ao Ver. João Antonio Dib, que já foi Prefeito – que Município? É o Executivo, é o Prefeito que é o Município?! Não! Ele está representado pelos Poderes que são bem descritos no art. 2.º da nossa Lei Orgânica e também está na Constituição! O Município é isso, está representado por esses Poderes aqui no Município: Legislativo e Executivo. Não é diferente disso.

Então, aqui, mais uma vez falha aquela pessoa que fez esse Parecer, demonstrando falta de conhecimento jurídico, infelizmente, pensando que vai passar qualquer coisa aqui por esta Câmara.

Eu acho que, primeiramente, Ver. Estilac Xavier, o Parecer tem de estar bem embasado, ele tem de chamar a atenção dos Vereadores para as falhas que porventura os Vereadores cometeram. Agora, não pode vir com uma baboseira dessas aqui, chamando de matéria tributária preço público, querendo que nós aceitemos o Veto baseado naquilo que está escrito nesse Parecer. É ofensivo! É ofensivo à inteligência dos Vereadores que alguém faça um embasamento para veto da forma como aqui está. Não pode existir isso aqui. E dizer que é porque é do Município o Legislativo não pode tocar. Ora! Eu acho que, realmente, eles têm na cabeça lá do outro lado que são ditadores, que o Município é representado só por eles; que é o Prefeito todo-poderoso. Eu acho que eles acreditam que existe um reinado e que o Prefeito seja o grande rei e que ninguém mais pode falar depois do rei. É impossível que alguém, em sã consciência, faça um parecer como esse aqui para embasar a derrubada de um Projeto como o de V. Ex.ª, que tem um condão, Ver. Pedro Américo Leal, de querer trazer tranqüilidade para moradores, em áreas centrais da Cidade, que hoje não podem, tranqüilamente, voltar para os seus lares, porque não têm como parar.

 

O Sr. Pedro Américo Leal: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu não conheço ninguém nesse caso. Eu me coloquei como Vereador no problema desse homem ou dessa mulher que estão num apartamento, num edifício que não tem garagem e, que, de repente, o Prefeito legisla por nós. Colocou parquímetro ali. Mas como, onde é que se viu isso? Cobrir a Cidade de parquímetros, mas com que ordem? Com que direito, lesando um indivíduo? Ninguém me procurou, Vereador, ninguém me procurou, eu senti a dificuldade dessa pessoa.

 

O SR. LUIZ BRAZ: O negócio dos parquímetros ficou, realmente, mal explicado, porque parece que não houve licitação, parece que a empresa que assumiu os parquímetros na Cidade assumiu, assim, por simpatia da Administração, e acontece que está lucrando demais. Olha que os lucros que vêm dessa área são lucros bem altos, não é?

Então, acredito que a Lei de V. Ex.ª, que aquilo que V. Ex.ª pretende pode sim ser implantado e tem como ser implantado e está regulado nas nossas leis, na Lei maior que é a Constituição, e na nossa Lei Orgânica do Município. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati) O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para discutir o PLL n.º 129/01, com Veto Total.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu vou deixar de lado um pouquinho a modéstia para dizer que de paquímetro eu entendo um pouco. Foi um dos primeiros projetos que apresentei quando cheguei nesta Casa, juntamente com a Lei do Silêncio, que aprovei, e o parquímetro eu não consegui aprovar. Mas quando eu propus o parquímetro para ser utilizado na cidade de Porto Alegre, eu queria que ele fosse utilizado para dar melhores condições de fluência do trânsito e não para fonte de receita da EPTC, hoje. Não consegui aprovar área azul, não consegui nada. Mas o Ver. Luiz Braz conseguiu aprovar a área azul, e agora o Prefeito transformou em parquímetro sem autorização legislativa, e deveria ter, e eu alertei na oportunidade. Mas o Ver. Luiz Braz, hoje resolveu me atrapalhar. Eu ia dizer que até que enfim a Procuradoria fez realmente uma justificativa boa para o Veto. Eu li, até achei que o art. 113, que diz que deve ter prazo para isenção... Até isso a Procuradoria colocou, apesar de dizer que o Projeto tem mérito. Mas ela desta vez colocou dentro da inorganicidade e problemas de legalidade. Tudo muito bem, mas quando foi feita a licitação para o parquímetro, colocaram uma fotografia de quem ia ganhar, tudo acertadinho. Só podia ganhar quem ganhou, e aí foram estabelecendo regras: tinha que ter experiência, Ver. Marcelo Danéris - que sorriu -, com parquímetros. Quem tinha em Porto Alegre? Quem tinha no Rio Grande do Sul? Lá a Prefeitura de Caxias. Ganhou aqui. Os outros... É muito difícil saber atuar com parquímetro, é uma coisa complicada, é uma enormidade de complicação, precisam-se técnicos especializados, doutos do PT para fazer isso.

Eu gostei de ouvir o Ver. Marcelo Danéris falar aqui dos gastos que teria a Prefeitura com selos, papéis e quantas coisas, gostei de ver. O Ver. Marcelo Danéris está brilhante hoje. Sabe por que não está aprovado isso aqui? Porque leva embaixo a assinatura Ver. Pedro Américo Leal. É verdade! Ele não lê as coisas que o Tarso Fernando assinou por aí. Aí está o Decreto n.º 13.646 de 25 de fevereiro de 2002 do Tarso Fernando: “I - Terão isenção de tarifas de utilização:...”, não há prazo nesse caso, eu não sei como que a Procuradoria uma vez disse que tinha que ter prazo, o art. 103 da Lei Orgânica diz que tem que ter prazo. Continuo: “... a) Os veículos utilizados para transportar pessoas portadoras de deficiência....”, muito justo, “...b) Todos os veículos referidos no inciso VII, do art. 29, da Lei n.º 9.503 - Código de Trânsito Brasileiro”. Tudo muito justo. Agora, Ver. Pedro Américo Leal: “II - Terão redução de tarifa de utilização os residentes em frente às vagas do Estacionamento Rotativo - Área Azul de Porto Alegre que possuam comprovadamente moradia sem garagem e nas condições expressas em Resolução do Diretor-Presidente da Empresa Pública de Transporte e Circulação. A redução da tarifa será compreendida em determinados horários, o valor reduzido da tarifa corresponderá a 12,5% do valor do uso da tarifa máxima, para duas horas.” Isso a Prefeitura pode fazer, não custa nada, não gasta nada, não tem de ir na EPTC, pois eles advinham, os computadores “mentais”, que transmitem, levam tudo, conforme o Projeto de Lei do Ver. Pedro Américo Leal, que não pode ser aprovado. Mas o Tarso Fernando, num dos momentos de passagem pela Prefeitura, resolveu que iria dar algumas isenções, algumas facilidades. Aí não existiriam gastos, Ver. Marcelo Danéris. Fariam tudo sem gastar nada. Não tinha que fazer requerimentos, não tinha que autorizar, não tinha que provar. A Prefeitura dava, pura e livremente. E mais, também não tinha período definido de validade. Saúde e paz! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): A Ver.ª Sofia Cavedon está com a palavra para discutir o Projeto de Lei do Legislativo n.º 129/01, com Veto Total.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, este Projeto nos coloca diante de um dos dilemas que se vive quando se mora numa cidade. A cidade tem uma grande gama de possibilidades – e é por isso que a maioria da população hoje se concentra nos centros urbanos, onde o acesso a serviços, a emprego, aos bens da cultura, ao lazer está mais próximo – e se apresenta com inúmeros problemas. A cidade se apresenta com inúmeros desafios, como, por exemplo, o de conviver com um grande número de pessoas num espaço pequeno, com uma grande atividade econômica e cultural e conseguir ter qualidade de vida e conseguir ter uma cidade sustentável ambiental e socialmente.

O uso do espaço das vias públicas é um dos nossos dilemas. Ainda mais na cidade de Porto Alegre, que se orgulha da qualidade de vida, do grande número de pessoas que têm acesso a automóveis. Eu queria discutir um pouco essa questão da modernidade, porque aqui a oposição é um arauto da modernidade, acusa-nos de dinossáuricos, usa a questão da modernidade como um dos elementos que justificam a lógica neoliberal da concorrência de mercados, a lógica da lógica do mercado, quer dizer, a concorrência como sendo o que traz modernidade, traz avanço tecnológico. Mas, quando se trata do uso do espaço público, nós temos a incoerência desses que defendem a modernidade, dizendo: “Que bom, vamos deixar a regra de que quem chega primeiro se instala.” E ao espaço público está decretado o caos, a não-possibilidade de todos usufruírem, nenhuma incidência para que a gente solucione os problemas de uma grande cidade, num grande aglomerado de pessoas, de automóveis. Eu quero aqui defender que modernidade é a gente pensar a partir desses problemas e a gente fazer uma cidade com acesso a todos. Uma cidade moderna é uma cidade que evolui nesse sentido, que constrói regras, que constrói possibilidades de se transitar na cidade, de todos igualmente acessarem bens, serviços e possibilidades que a cidade oferece.

 

O Sr. Ervino Besson: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Ver.ª Sofia Cavedon, eu faço uma pergunta a V. Ex.ª. Não sei se V. Ex.ª mora numa casa ou num apartamento. Se V. Ex.ª residisse num apartamento, pagasse seus impostos, toda essa carga tributária que a gente tem, e V. Ex.ª não tivesse sequer um local para estacionar seu carro em frente ao apartamento onde reside, qual seria a sua posição? Como é que V. Ex.ª pensaria toda essa situação sobre a qual vários Vereadores se pronunciaram hoje.

 

O Sr. Marcelo Danéris: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Ver.ª Sofia Cavedon, só para complementar a pergunta do Ver. Ervino Besson: V. Ex.ª mora em um apartamento, numa quadra em que existem dez edifícios, em cada edifício há dez apartamentos, mas na rua cabem apenas quinze carros, como V. Ex.ª faria para que todos tivessem acesso a essa rua de forma justa?

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Muito obrigada, Ver. Marcelo Danéris. Eu acho que o que V. Ex.as trazem tem dois aspectos a serem analisados. Um, o problema de ter um automóvel e não ter uma garagem é um problema individual, que não pode o Estado assumir. Como é que o Estado vai resolver o problema do cidadão que tem o seu carro mas não tem uma garagem? Outro, é que os parquímetros não estão colocados defronte a minha casa, porque moro numa rua que não é comercial. Os parquímetros estão nos lugares onde há grande concentração de serviços, eles não estão espalhados pela cidade indiscriminadamente, eles estão em lugares onde precisamos equilibrar o acesso, tanto dos moradores quanto dos cidadãos que precisam dos serviços que se encontram naqueles locais. Temos pedidos da Azenha, por exemplo, que quer instalar o parquímetro. Estaremos penalizando tanto os comerciantes, os prestadores de serviços, como o cidadão que precisa acessar o serviço e não tem como estacionar, se permitirmos que haja simplesmente a eliminação da possibilidade de estacionamento.

O parquímetro moderniza a cidade. Acho que ajustes têm de ser feitos, como sobre o problema de troco, o problema das notas, que nos restringe, mas ele vem em benefício do uso por todos da via pública. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para discutir o PLL n.º 129/01, com Veto Total.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, quando firmou esse Veto, ao apresentá-lo a essa Casa, o ex-Prefeito da Cidade, Tarso Genro, ele concluiu dizendo que “eram essas as razões” que o levavam a vetar totalmente o Projeto de Lei e, “confiante no espírito público que anima esta Casa, espero o reexame criterioso, aguardando o acolhimento do mesmo.”

“Reexame criterioso” foi o que pediu o ex-Prefeito desta Cidade, que nos deixou, a partir do dia 5, para cumprir, segundo ele, uma missão partidária.

Ver. Luiz Braz, reexame criterioso a gente faz para tudo aquilo que nos é colocado após um exame criterioso, e eu chego à conclusão, Ver. João Antonio Dib, de que não houve exame criterioso coisa nenhuma neste momento, porque se houvesse, verificariam que não foi o Ver. Pedro Américo Leal que agrediu a Lei Orgânica do Município, incidindo sobre o princípio da separação dos Poderes. E sim, quem vem incidindo nessa matéria, contra, inclusive, a competência deste Legislativo, e às nossas prerrogativas, é o Executivo, Ver. Juarez Pinheiro, na medida em que, se valendo de uma disposição de Lei que dá funções ao Município como um todo e não a um dos Poderes do Município, valendo-se desse dispositivo por decreto, regula algumas situações que nós entendemos que têm de ser reguladas por lei. Quem feriu o princípio da separação dos Poderes, Sr. Presidente, foi quem estendeu as áreas azuis, por decreto e não por lei, conforme manifestação já expressa de todos os órgãos desta Casa, Procuradoria e Comissão de Justiça, que entendem que o Chefe do Executivo extrapolou ao fazer por decreto a ampliação das áreas azuis que haviam sido estabelecidas, em princípio, na área central, por lei. Quem estendeu essas áreas azuis por decreto para o restante da Cidade, é quem criou essa necessidade, que por lei de iniciativa de V. Ex.ª, fosse regulada essa estatização da área pública, porque se cobra o Imposto Predial Territorial Urbano de todos os munícipes com base, entre outras coisas, com a testada do imóvel de sua propriedade. Eu não tenho, nem o senhor, nem ninguém nesta cidade de Porto Alegre, nessas ditas áreas azuis, o direito de, sequer, estacionar o veículo à frente da sua casa para que desça um familiar enfermo ou que suba uma criança que vai para a escola. Enfim, que se estabeleça, no concreto, o direito de ir e vir na nossa própria propriedade. E aí, quando um Vereador diligente como o Ver. Pedro Américo Leal busca regular, diz-se que ele cometeu a invasão da competência privativa do Executivo, que, no caso, não existe.

 

O Sr. Pedro Américo Leal: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Reginaldo Pujol, V. Ex.ª me responda: o que não há de pensar uma família que mora em um edifício desses, no Centro ou em qualquer outro lugar, que não tem garagem e não vê, daqui, deste elenco de Vereadores, nenhuma medida que vai em seu socorro? Nós fizemos isso! Ele não tem garagem, onde ele vai colocar o carro?

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Ver. Pedro Américo Leal, eu sei que V. Ex.ª declarou que fez este Projeto de Lei sem consultar ninguém, quero-lhe cumprimentar por esse rasgo de inteligência renovado que V. Ex.ª teve. Não precisa consultar ninguém, é olhar e ver o bom senso.

Eu quero perguntar o seguinte – nem vou perguntar ao Ver. Pedro Américo Leal, porque, nessa matéria, ELE é suspeito -: se nós não podemos garantir que nossos munícipes estacionem em frente a sua casa, o que nós podemos fazer nesta Casa? Nada, diz o Ver. Estilac Xavier, com um sorriso nos lábios, feliz, porque ele pode tudo e porque ele pertence a quem está no Governo no momento. E quem está no Governo, decreta área azul aqui e acolá, estabelece o quanto devemos pagar, enfim, determina tudo da nossa vida. Agora, o Ver. Pedro Américo Leal, com a sua inteligência, a sua experiência, a sua competência, não pode, pois fere os princípio da separação dos Poderes. Não fere coisa nenhuma, fez muito bem o Ver. Pedro Américo Leal, um homem que é uma legenda neste Estado, e nós vamos derrubar este Veto, porque, derrubando o Veto, nós estamos dizendo: fez bem o Ver. Pedro Américo Leal que resguardou o direito da cidadania de Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Estilac Xavier está com a palavra para discutir o PLL n.º 129/01, com Veto Total.

 

O SR. ESTILAC XAVIER: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, o Ver. Reginaldo Pujol fez uma defesa candente da derrubada do Veto do Sr. Prefeito e disse que o Executivo tudo pode e o Legislativo nada pode. Não, cada um pode dentro das suas competências e essa competência está lavrada na Constituição, na Lei Orgânica e nas leis complementares. Portanto, nenhum de nós pode mais ou pode menos. O que nós estamos tratando aqui é de excepcionalidades. O ilustre Ver. Pedro Américo Leal fez uma proposição que tem mérito, mas é uma proposição para uma minoria. É uma minoria, Ver. Pedro Américo Leal. É bem verdade que existem prédios que, no passado, o legislador – e esta Casa tem responsabilidade – não prevendo a evolução urbana, não propôs que ao prédio estivesse associado a garagem. Hoje ninguém pode construir sem ter garagem. Mas a rua não é aquilo que alguns disseram aqui: um espaço onde quem chegou fica, chegou primeiro, fica. Não é não. No uso comum do povo os usuários são anônimos e indeterminados e os bens utilizados o são por todos os membros da coletividade. Sou eu que estou falando isso? Não, é Hely Lopes Meireles, o grande administrativista. Nem a regra do chegar primeiro vale. E, portanto, o direito exclusivo de privilégio não pode ocorrer. E aí é que entra a competência do Prefeito nos serviços públicos, conforme fala a Constituição Federal no seu art. 61, § 2º, que dispõe “que os serviços públicos são privativos da Presidência da República e, por analogia e simetria, o são também do Prefeito Municipal”.

Nós estamos tratando aqui da disposição do uso de um logradouro. Eu pergunto, Vereador, e eu não sou daqueles que acha que V. Ex.ª teve uma inteligência renovada, quero dizer que sua inteligência é permanente, foi feita uma alocução aqui, eu quero resgatar, porque tenta se criar uma intriga entre o mérito da sua proposição e a posição que a nossa Bancada tem. Nós não abrimos mão das prerrogativas do Executivo assim como o Legislativo não pode abrir mão das suas prerrogativas, porque é isso que lhe dá autonomia. V. Ex.ª cometeu dois pecados, do meu ponto de vista. Eu lhe concedo o aparte, Ver. Luiz Braz, e depois vou falar dos pecados do Ver. Pedro Américo Leal.

 

O Sr. Luiz Braz: Ver. Estilac Xavier, o espaço público, como V. Ex.ª colocou muito bem, realmente é de uso comum, é de todas as pessoas, por isso é que precisa de lei para que possamos fazer esses tais estacionamentos rotativos. Por isso é que nós criamos, há alguns anos, em 1989, o estacionamento rotativo chamado Área Azul. E precisa de lei também para serem criados os outros estacionamentos rotativos, não podem ser criados simplesmente por decreto.

 

O SR. ESTILAC XAVIER: Perfeito. O que ocorre é o seguinte: não existe mais Área Azul que não tenha parquímetro. E o Ver. Pedro Américo Leal fez duas proposições. Mas ele disse que isso é de autonomia e da inteligência de cada um, de que ele não consultou ninguém sobre essa lei. Ele viu, pensou e praticou. Aí está o primeiro erro, Ver. Pedro Américo Leal, permite-me, com todo o respeito que tenho ao meu oficial superior. V. Ex.ª poderia ter consultado a Secretaria de Transportes, pois nós criamos: ampliação do tempo das 7 horas, para as 8 horas, para beneficiar os residentes; ampliamos os horários no curso do dia e fizemos uma diferença da tarifa, das 12 horas às 14 horas, de 0,25 centavos. E está se pensando, Ver. Pedro Américo Leal, inclusive, em fazer o que V. Ex.ª quer aqui. Não que não se veja mérito, é que o Prefeito não pode abrir mão. Aqui no mérito das questões, quando a lei é ferida, se ela é importante ou não, se ela é menos abrangente ou não, o que importa é o preceito legal. Nós achamos que aqui tem uma questão da prerrogativa do Prefeito. Se V. Ex.ª tivesse nos consultado, até uma emenda poderia ter resolvido isso aqui.

Quero lhe dizer o seguinte, Vereador: hoje nós temos: antes, era das 7 horas até as 21 horas o horário de funcionamento, passou para as 20 horas. Para beneficiar o quê? Aquele que V. Ex.ª falava: “O cidadão mora lá em cima, desce e tem que correr.” E foi diminuído o valor da tarifa, do meio-dia às 14 horas, para beneficiar o residente.

Eu concluo, Sr. Presidente, mas nós voltaremos a esta matéria, porque eu quero falar das questões legais que o Ver. Luiz Braz aqui expressou.

O mérito, V. Ex.ª tem, é dirigido a uma minoria, mas que pode ser resgatado, com as prerrogativas do Prefeito, com adequações por decretos e por normativa interna da Casa. Por isso que eu sustento a manutenção do Veto. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Zé Valdir está com a palavra para discutir PLL n.º 129/01. Ausente. Em votação o PLL n.º 129/01, com Veto Total.

Como estamos em processo de votação e visivelmente não há quórum, estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 13h04min.)

 

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